Todas as Flores

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Todas as flores já não sentem a mesma paz. Não há mais a luz pacífica que corre os campos sem que cheire a gases industriais e químicos. Os nenúfares se afogam em águas petrificadas pela imundície e a esterilidade dos campos já não se desenvolve nos sonhos; mas, sim, aqui.

As chuvas são ácidas, e as palavras, maldosas como o orgulho que acinzentou o verde pacífico dos prados. Onde se escondeu o odor da vida? Se foi no alto do céu, que não arranquemos de lá as nuvens; e, se foi nas profundezas da terra, que não arranquemos dela o pouco que lhe resta.

Todas as flores desistirão de nascer, porque logo a luz que sempre as iluminou será trocada pelo vidro de estufas e pelas solas grossas de botas grandes.

Nós desistimos de todas as flores e, sem tardar, todas as flores também desistirão de nós.

É o preço a ser pago e a sina a ser trilhada — já que nada senão nós mesmos pode tentar reverter a vida que se esvai nas nossas mãos.

E, não importa o que possamos inventar ou criar a partir das mais engenhosas mentes: nada mudará o que fizemos.

Nada trará os tempos de outrora.

Nada trará todas as Flores novamente.

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