Sétimo.
O amor me toma de forma constante, insondável, profunda. Vejo as águas desembocando sobre a praia - suas ondas são sinuosas e silenciosas como o teu sorriso. Segurei a tua mão pela primeira vez e tudo ficou tão silencioso - naquele momento deixei de ser garoto e me tornei sonhador. Te vi chorando e te vi sorrindo - tudo se encaixa e tudo se acalma. Como posso ser encantado pela luz solar se o teu sorriso é a luz que constrange a escuridão?
Vejo as águas batendo sobre a areia da praia. São tão calmas. São tão rasas, mas, ainda assim, tão profundas - tão infinitas. Te vejo ao lado de um oceano infinito e silencioso enquanto o Sol transpõe todos os pesos sobre os nossos tempos. Quero te mergulhar no mar e te levar numa viagem através de nós dois - o que eu seria sem sentir o afago dos teus cabelos no pescoço? O que seria do meu corpo esguio e fraco sem que o teu Amor me segurasse?
Quero te levar a uma viagem ao meu coração. Quero te levar a uma viagem às tuas terras. As montanhas silhuetam o teu corpo e o gorgeio das aves é nosso tom sobre as águas. Tudo que cai se levanta e tudo que se levanta, teme. Quem eu seria sem ti, a dona de quem sempre serei? Quem seria sem teus afagos e palavras doces?
Enquanto me sento ao teu lado sobre a areia, nela nos escrevo: "Você é o anjo dos meus pesadelos; a luz que irradia a manhã e o céu que dorme sobre mim."
Nem todo grão de areia é levado pelas águas. De que adiantaria eu tapar os ouvidos para não escutar as águas calmas do mar se você já é a voz dentro da minha cabeça?
Você é a voz na minha cabeça; você é a gota de sanidade que encontra o mundo e o fino filete de paz que corta as águas - de que mais preciso?
Nem todo grão de areia é levado pelas águas.
Você está em tudo.
São as ondas do mar.
São você.
Nossas vidas estão apenas começando; nossas vidas estão em todos os lugares e, um dia, olharemos para os nossos reflexos nas águas e fecharemos os olhos, abraçados, mais uma vez. E veremos os nossos nomes. E veremos a areia que a maré nunca conseguirá arrastar - as inscrições que os oceanos nunca conseguirão apagar.
Nossos nomes são como desenhos na areia.
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Devaneios
PoesíaNão há outro nome com que eu possa chamar meus versos e prosas de maneira correta. São devaneios de uma mente calculista que pensa, e são os devaneios que alimentam a mão para a escrita - então, por que não?