Sobreveio-me um sonho inquieto
À mercê de manhã nebulosa
Ao canto ininterrupto de rouxinol
Que pendia trevoso na fenestraAcordou-me canção deleitosa
Pelo petricor do jardim
Que subia serpenteando os freixos
E encontrava-me inerte no leitoViu-me luz alaranjada
Que subia com a esfera no horizonte
Em sua lentidão melancólica
Nas suas horas eternasVegetavam-se os pássaros notívagos
Ao deleite do doce limiar
Que separa da Lua lívida o coração
Dando-nos belo iluminarSubia-se etéreo o raiar
Eternizando luminoso cintilar
Através de doces memórias
Que a escuridão triste quis apagarMusicam-se cítaras em harmonia
À chegada de bela tremeluz
E sua iluminura que seduz
Dando sentindo à minha disarmoniaVeio-me lúgubre fulgor
Através da fenestra azinhavrada
Dançou-me este grande amor
Através de luz tão amadaEncontrou-me sutil cricrilar
Escondido sob esta febre terçã
Mas sobre esta luz eu hei de deitar
A luz, a luz que nomeia a manhã
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Devaneios
PoetryNão há outro nome com que eu possa chamar meus versos e prosas de maneira correta. São devaneios de uma mente calculista que pensa, e são os devaneios que alimentam a mão para a escrita - então, por que não?