Manhã

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Sobreveio-me um sonho inquieto
À mercê de manhã nebulosa
Ao canto ininterrupto de rouxinol
Que pendia trevoso na fenestra

Acordou-me canção deleitosa
Pelo petricor do jardim
Que subia serpenteando os freixos
E encontrava-me inerte no leito

Viu-me luz alaranjada
Que subia com a esfera no horizonte
Em sua lentidão melancólica
Nas suas horas eternas

Vegetavam-se os pássaros notívagos
Ao deleite do doce limiar
Que separa da Lua lívida o coração
Dando-nos belo iluminar

Subia-se etéreo o raiar
Eternizando luminoso cintilar
Através de doces memórias
Que a escuridão triste quis apagar

Musicam-se cítaras em harmonia
À chegada de bela tremeluz
E sua iluminura que seduz
Dando sentindo à minha disarmonia

Veio-me lúgubre fulgor
Através da fenestra azinhavrada
Dançou-me este grande amor
Através de luz tão amada

Encontrou-me sutil cricrilar
Escondido sob esta febre terçã
Mas sobre esta luz eu hei de deitar
A luz, a luz que nomeia a manhã

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