Assim que Beatrice e Dominic entraram na casa, Joe soltou todo o ar que prendia nos pulmões. Como encararia Peter? Ele viu toda a cena. Ele viu que Joe estava beijando sua filha. E não deveria existir desculpas ou arrependimento. Joe não se sentia assim, e esperava que não pensasse dessa forma, seu patrão e amigo.
-Eu não vou perguntar como e porque aconteceu.- Falou Peter, se encostando no carro.- Eu já esperava por isso desde o dia em que você e Jordan estavam lá em casa e você precisou levá-la até a lanchonete. Ali eu já sabia que Beatrice iria conseguir o que queria.- Ele respirou fundo, olhando as estrelas. - O meu papel aqui é pedir cuidado.
Joe não se demorou na resposta.
-Eu não vou machucá-la Peter. Eu nunca conseguiria, nem físico nem mentalmente. Você a conhece melhor do que eu.
-E é exatamente por conhecê-la melhor do que você é que peço cuidado. E não cuidado para ela, isso não é novo para Beatrice. Estou pedindo cuidado para você. - Ele se virou para o rapaz.- Joe, você é como um filho pra mim. Eu posso te contar por horas os episódios que já vivi na porta da escola da Bea, escutando garotos implorarem a mim a misericórdia dela. Uma chance. Um retorno. Isso é horrível, Joe, mas Beatrice sempre foi impiedosa e eu percebi isso tarde demais. Talvez ela tenha puxado esse sangue frio da mãe, e eu já sofro muito pra tentar muda-la tão tarde. Não posso fazer nada por ela.- E mais uma vez, os pares de olhos verdes se encontraram.- Mas por você...
Joe se sentiu um pouco incomodado ao escutar aquilo sobre a Coleman, mas não deixou transparecer. Não era triste saber que um pai já tinha se conformado com os defeitos da filha?
Precisou de alguns segundos para olhar Peter novamente nos olhos.
-Eu agradeço a sua preocupação. E acredito que vai dar tudo certo. Eu não sou como os garotos da escola dela, talvez ela descubra isso em breve. Eu já sou um homem, e não precisarei da sua misericórdia.
Peter abriu um sorriso.
-Bem, se você se garante, então não há motivos para continuarmos aqui fora. Temos assuntos importante lá dentro. Vamos?
Joe retirou o chapéu e fez sinal para que Peter fosse na frente. Os dois adentraram a casa.
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Na sala, Bea tomava vinho em uma taça enquanto tinha os pés em cima da mesinha de centro. Dominic a acompanhava no vinho, mas estava em pé.
-Eu pensei que houvesse uma época específica para arraiais desse porte.- Dizia Bea, olhando seu pai e seu cowboy entrar.
-E tem, em outros países, mas aqui não é bem uma regra. Nas fazendas Pejari, fazemos no fim do ano. Essas festas fora de hora sempre nos ajudam como uma grande renda extra. As pessoas adoram comemorar a cultura country em volta da fogueira.- Peter respondeu, tirando os pés de Beatrice da mesa e confiscando a taça de vinho. Dominic e Joe sorriram enquanto Bea mostrou a língua.
-Pai...- Beatrice voltou no assunto, depois de quase meia hora, quando esperavam a pizza de forno ficar pronta.- Eu vou poder vir ao arraial?
Peter não entendeu direito.
-Você quer vir?
-Eu. E as meninas. - Ela sorriu.
Peter olhou para os outros.
-Não vejo problemas, mas você nunca participou desse tipo de festa...
-Vou ampliar meus horizontes.- brincou Bea.- Uau!
Todos eles sorriram.
O jantar prosseguiu sem grandes emoções. Peter informou Beatrice que sairiam assim que o dia amanhecesse.
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Onde cê tá meu amor? [Concluída]
RomanceApartamento na cobertura mais alta e cara de Columbus, carros colecionáveis na garagem mesmo aos dezesseis anos e fama através do sucesso do pai, da mãe e do irmão. Mesmo assim, Beatrice Coleman não tem tudo que quer. Quando o destino a coloca frent...