Beatrice olhava para seu pai como se não tivesse entendido o que ele acabara de dizer. Em sua cabeça, as palavras não faziam sentido. Antes que Peter continuasse, Judith pediu para ter um particular com Peter, na varanda.
- Você não estava falando sério, estava?- perguntou a esposa.
- Por que não estaria?
Judith respirou fundo.
- Está falando em passar a Pejari para as mãos de Beatrice? Isso tem algum sentido pra você?
Peter esperou alguns segundos para que Judith parasse de andar de um lado para o outro, e olhasse para ele.
- Eu estou falando muito sério. Beatrice é minha filha, tem a idade que eu tinha quando me passaram a empresa, e Arthur já tem sua profissão. Não vejo problemas.
- O problema é que existe uma grande diferença entre o Peter aos dezesseis e a Beatrice aos dezesseis. Você era preparado, tinha consciência do que fazia, era maduro. Nossa filha é irresponsável e impulsiva. Quer ver a empresa que você demorou anos para erguer até a liderança do mercado, cair em ruína? Coloque ela no trono.
- É tão difícil para nós apoiar e acreditar na capacidade de Bea, não é?- Peter baixou o tom de voz.- Se nós não acreditamos nela, quem vai?
- Não é a hora de bancarmos os pais prefeitos, Peter.- Judith cruzou os braços.- É hora de pensarmos que, se nossa filha destruir a empresa que você tirou do fundo do poço, você não vai ter condições de reerguer de novo. E nós, que dependemos da Pejari pra viver e milhares de empregados, estão perdidos.
O Coleman odiava quando sua esposa tinha razão. E isso raramente acontecia. Se odiou internamente por não confiar em Beatrice, e, ao vê-la pela janela, sentiu pesar em seu coração. Concordar com Judith era como trair sua menina, mas cuidar da empresa da família não era como brincar de fazendinha. Existiam coisas a se perder. Exigia responsabilidade, cuidado e comprometimento. Coisas quais sua filha não possuía.
- E o que vou fazer, então? Eu estou doente, Judith... Preciso de alguém pro comando...- disse, cabisbaixo. - Você quer assumir o comando, é isso?
A mulher sorriu, desdenhando.
- Trocar Beatrice por mim é trocar seis por meia dúzia. Nenhuma de nós se interessa por isso, Peter.- ela pensou um pouco, e o marido tinha outra sugestão.
- Bem, eu também tenho os Hammar, os dois estão na fazenda desde pequenos, conhecem como funciona tudo, seria uma ótima....
- Não!- Judith o interrompeu.- Não pode tirar a Pejari do nome da família.
- O quê?- Peter olhou pela janela, para Joe e Jordan.- Eles são da família... do que você tem medo? De que eles tomem o poder e não deixe nada pra vocês? Eu os conheço, nunca fariam isso.
- Você não pode dizer que uma pessoa "nunca faria" algo.- Judith afirmou.- As pessoas fazem coisas que nós nunca esperamos.
- E quem mais da família nos resta? Quer que eu ligue para meu irmão e diga que estou doente, e ele magicamente vai deixar tudo que construiu para vir cuidar da Pejari? Ele nunca se importou.
- Tudo bem.- Judith ponderou, por alguns instantes.- Beatrice é sua melhor aposta. Mas eu tenho uma proposta. - Peter esperou.- Deixe os documentos prontos com Dominic, caso for preciso. Mas treine-a primeiro. Enquanto tiver condições, Peter, certifique-se de que ela estará pronta. Talvez Beatrice nunca assuma o poder, afinal...- Judith tocou uma das mãos de seu marido.- Você não vai morrer.
- Não sabemos disso.
Judith respirou fundo.
- Isso vai passar.- Beijou o rosto dele.- Não seja tão precipitado.
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Onde cê tá meu amor? [Concluída]
Storie d'amoreApartamento na cobertura mais alta e cara de Columbus, carros colecionáveis na garagem mesmo aos dezesseis anos e fama através do sucesso do pai, da mãe e do irmão. Mesmo assim, Beatrice Coleman não tem tudo que quer. Quando o destino a coloca frent...