||Capítulo 25||

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Beatrice caiu em um sono profundo.

Ela acordou com as constantes chamadas de Joe.

- Ei, está na hora de acordar.- ele murmurava.- seu pai já nos chamou.

Ela se levantou, assustada.

- Você dormiu? - perguntou, observando que ele nem mesmo se moveu.

- Não muito. Fiquei cuidando de você.- explicou Joe.

Bea não sabia como agir. Nunca teve alguém do seu lado de uma forma tão intensa. Talvez aquilo até a assustasse, no mesmo nível que se sentia segura.

Beatrice foi para o banheiro e Joe desceu para o café da manhã. Mesmo já a caráter para ir a fazenda e tendo suas amigas e Joe ali para apoia-la, a garota não quis comer nada. Não estava se sentindo bem, e ninguém insistiu.

Beatrice decidiu ir no carro de Joe, pois não saberia lidar com o silêncio que dividiria com Peter, e nunca pensou que isso poderia acontecer. Soube também que o pai passaria na casa da doutora Mabel para buscá-la, e Bea não via necessidade na presença dela, mas não disse nada.

Judith, apesar de não dizer muito, também estava no carro de Peter. Todos quase não acreditaram que ela iria pisar na fazenda, mas a esposa não parecia nada contente, e seu desprezo pelo que viria a seguir era nítido.

❀ • ✄ • ❀

Bea assistiu o nascer do sol pela primeira vez na fazenda Pejari. Joe a abraçou enquanto observavam o espetáculo nos céus, durante a chegada dos outros carros.

Era estranho tê-la em silêncio por tanto tempo. Beatrice nunca fora assim.

Os loiros Declan e Marian também pareciam saber do assunto, e receberam todos na casa com muita hospitalidade.

Bea sentiu as mãos tremerem quando se sentou no sofá, acompanhada pelos outros que também se sentavam. Sentiu Joe segurar sua mão e sorrir, gesticulando que estava tudo bem.

Peter ficou em pé, diante de todos.

- Todos vocês já sabem o motivo dessa conversa.- iniciou Peter, enquanto o advogado Dominic também chegava, sem chamar atenção.- Há alguns meses atrás, alguns de vocês presenciaram episódios em que eu estava sentindo estranhas pontadas no peito. Decidi procurar por Mabel, que era a médica mais confiável que eu conhecia, e ela me incentivou a fazer alguns exames. Quando o resultado saiu...- Ele olhou para a doutora Mabel, que sorriu para que ele continuasse.- Fui diagnosticado com Angina.

Peter se sentou numa poltrona, passando a palavra para Mabel.

- A angina é sentida sempre que o coração trabalha... "mais pesado" digamos assim, seja com exercícios físicos ou emoções, ou grandes alterações de temperatura. É uma dor que, dependendo da frequência, pode ser previsível e pode durar até dez minutos. Isso...- ela procurou as melhores palavras.- Aumenta a probabilidade de um ataque cardíaco no futuro.- Nesse momento, Arthur e Bea se encostaram no sofá, com as expressões tristes e assustadas.- A angina pode manifestar cansaço fácil, arritmias e até desmaios e falta de ar. Ou seja, Peter está exposto a sentir esses sintomas. - Ela prendeu o cabelo em um coque.- A boa notícia é que pode ser tratada com medicamentos, que  Peter já vem tomando, e em alguns casos graves, é necessário um processo cirúrgico. Esperamos que não seja o caso. - Ela pausou um pouco e tomou água de uma garrafa que tinha nas mãos.- Peter precisa buscar um diferente estilo de vida, para manter a saúde, como a prática de exercícios, alterar o cardápio com orientação, ter um tempo para descanso, evitar emoções fortes e coisas que o prejudiquem, pra evitar um infarto, insuficiência cardíaca ou...- Mabel olhou para Peter.- Morte súbita.

O corpo de Bea estremeceu, e ela deitou a cabeça no colo de Joe, enquanto suas lágrimas caiam silenciosas.

- Mas, como disse a doutora, com cuidado, tudo se resolve.- opinou Scarlett, otimista, tentando levantar o astral.

- É isso.- Peter se levantou, tentando sorrir.- Eu só preciso cuidar de mim. Não chorem.- Ele pediu aos filhos.- Vamos fazer isso juntos, e tudo vai ficar bem.

Eles assentiram, e Peter hesitou um pouco antes de dizer as próximas palavras.

-E o que mais?- perguntou a Coleman.

- Bem, agora é a parte mais... delicada.- Ele olhou diretamente para a filha.- Eu não posso mais me dedicar cem por cento na empresa e nas fazendas, mas, assim como meu pai fez quando eu era apenas um adolescente, eu preciso garantir o futuro de todo esse império. - Os olhares se concentraram todos em Peter.- Arthur já tem seu caminho trilhado, está conquistando seu sonho de ser jogador. Ele não pode parar agora. Mas, você, Bea...- Peter se aproximou da filha, e se ajoelhou na frente dela.- Você, Beatrice Coleman, ainda não decidiu o que quer. Principalmente após a experiência do concurso, eu preciso de você, querida, porque você é minha esperança. Você, Beatrice, é oficialmente a herdeira, responsável e proprietária das empresas Pejari. Não sei quando vou precisar, mas em minha ausência, é você quem estará no comando.

Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora