|Capítulo 23|

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Duas horas antes, Beatrice se sentia nervosa dentro do vestido de lantejoula colorido. Se sentia muito próxima do fracasso. Suas mãos tremiam, e ela não conseguia encarar o espelho e ver a graciosidade que sua mãe se referia. Encarou o copo de água gelada. Não via a hora de comer alguma coisa quando sair dali. Quando tocou o copo, sua mãe a puxou.

- Vai vai!- ela praticamente a empurrou.- Você é a próxima!

Bea se preparou, mas sentiu medo. Tinha desfilado antes, no meio de tantas pessoas, mas parecia diferente agora. Era a fase final, ela poderia ganhar. Mas, sem entender aquele sentimento, Beatrice não queria estar ali.

O fato de colocar um pé na frente do outro não parecia simples naquele momento. Avançando na passarela, a única certeza que ela tinha era que queria muito ver o rosto de Peter Coleman naquela plateia, para lhe passar confiança.

Mas, em vez disso, ela encontrou o rosto de Frederick aplaudindo-a, e os flashes atrás dele confundiram sua mente.

Antes mesmo de perceber, Bea estava no chão.

Ao abrir os olhos, ela viu Judith discutindo baixinho com seu advogado no canto do camarim.

- Mãe?- ela sussurrou. Judith se virou, e, como um borrão, Frederick saiu de cena.

- Como você está?

- O que aconteceu?

- Você desmaiou na passarela. Bateu a cabeça, mas por sorte, não foi forte.- Judith suspirou, cruzando os braços.- E também torceu o tornozelo.

- Eu estou com fome.- afirmou a menina. Judith jogou um sanduíche embrulhado na penteadeira.- Já posso comer?

- Você pode fazer o que quiser. Com certeza foi desclassificada.- E a Coleman saiu, sem dar espaços para que sua filha pedisse desculpas ou explicasse algo.

Beatrice encarou o sanduíche por bons minutos enquanto chorava. Destruíra seus sonhos e o de sua mãe, sem mesmo se dar conta. Se passaram, talvez, trinta minutos, enquanto ela se olhava no espelho e tentava pensar em algo para consertar tudo isso.

- Beatrice Coleman?- chamou a assistente de palco. Bea se virou.- Está na hora do resultado final. Você vem?

- Eu ainda estou na competição?

A mulher sorriu de forma doce.

- E por que não estaria? Você não teve culpa do acontecido. E não se considera só a final, e sim toda sua trajetória no concurso.

Bea abriu um meio sorriso. Se levantou, e com a ajuda da assistente, trocou os saltos e limpou a maquiagem.

A final foi surpreendente. Entre as cinco garotas que concorriam, de alguma forma, Beatrice conseguiu se destacar para os jurados.

Diferentemente do que ela e a própria mãe achavam, ela foi mesmo capaz de ganhar aquele prêmio.

Beatrice chorava entre os aplausos, enquanto recebia a coroa e as flores. Procurava por todos os lados sua mãe, mas não a viu.

A mulher estava no camarim, com um sorriso maior do que todos que Bea já viu, dando entrevistas. Elas tiraram algumas fotos juntas, e a garota precisou afirmar para a imprensa que estava bem, e sua mãe não tinha nada a ver com o que havia acontecido.

Quando as Coleman finalmente estavam sozinhas, Judith abraçou sua filha.

- Eu sabia que nós conseguiríamos, que você conseguiria.- declarou Judith. O sorriso no rosto de Beatrice se desfez. Ela entregou o buquê de flores, a faixa e a coroa para a mãe.- O que você está fazendo?

Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora