|Capítulo 36|

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Peter continuou a passos firmes para seu escritório, e Beatrice o seguiu.

Arthur abriu a porta de seu quarto e sua expressão era confusa. Quais eram os novos motivos que faziam a cobertura Coleman se desfazer aos berros?

- Me responde!- Pediu a garota, e ao respirar fundo e colocar o livro na prateleira, Peter a olhou.

- Eu estou me ferrando para o que você e Joe fazem ou deixam de fazer!- Disse, e Arthur e Judith trocaram olhares. Peter acabara de usar um palavrão?- Eu já desisti de tentar te policiar faz tempo!

- Então qual é o problema?

Ele se sentou.

- O problema é que eu queria que você, apenas uma vez na vida, parasse de ser essa garota inconsequente e egocêntrica!

Bea prendeu os cabelos em um coque, andando de um lado para o outro do escritório. Judith fez menção de avisá-la que ela tinha feito ondas no cabelo, mas Arthur a repreendeu, tocando o ombro de sua mãe e deixando os dois do lado de fora da sala.

- E o que você quer que eu faça? Peça desculpas de novo?

- Eu quero que você mude, Beatrice!

- Eu estou tentando!

- Então não tentou o suficiente!- Peter bateu com as duas mãos na mesa.

Um silêncio se estendeu, e só se escutava a respiração ofegante dos dois.

- Eu sou quebrada. Você sabe disso.- disse ela, limpando suas lágrimas.

- É triste que você tenha se conformado com isso.- Peter falou, com os olhos fechados. Suor escorria no pescoço dele.- Todas as coisas podem ser consertadas.

- E do que adianta?- A menina soluçou.- Eu mudo meus hábitos, faço tudo que você pede, me desdobro para estudar e tentar entender tudo, pai, eu estou exausta! E em um deslize meu, você me tira dessa?

- Pra você que nunca trabalhou ou saiu dessa bolha, Beatrice, eu lhe apresento.- Ele disse, calmamente.- Esse, é o mundo real. Esse é o mercado de trabalho. Você não tem duas chances.

- Você pode me dar outra chance, você é o meu pai!

- Eu já estou cansado!- Respondeu, contraindo o rosto em uma leve expressão de dor.- Não posso levar essa história como se fosse apenas uma prova que você pode pagar de novo para passar. Nem tudo se compra, Bea. A minha confiança, minha empresa e anos do meu trabalho não estão à venda.- Beatrice percebeu que Peter tentava respirar melhor puxando a gola da camisa.

- Pai, você está bem?- Ela se aproximou, mas Peter fez sinal para que ela se afastasse, assentindo.

- É só uma...- Ele estava ofegante, e seu rosto estava vermelho. Beatrice abriu as janelas e viu que Arthur adentrou o cômodo, chamando pelo pai. Para a sorte deles, ambos estavam escutando a discussão atrás da porta.

Judith abanava Peter com as pastas que encontrou na mesa.

- Você se esqueceu que ele não pode passar por fortes emoções?- Perguntou Arthur, e Bea percebeu que já tinha mordido todas as pontas de seus dedos. Judith trouxe água.

- Me desculpe.- Ela pediu.

- Precisa arrumar outras palavras pro seu vocabulário.- Arthur disse por fim, enquanto Peter afirmava estar bem.

Beatrice engoliu suas próximas palavras e passou pela porta, indo para o seu quarto.

Ela não aguentou todos aqueles sentimentos horríveis que pressionavam seu peito e lhe tiravam o ar. Beatrice gritou, atirando o abajur na porta, e depois dois vasos de cerâmica que estavam na escrivaninha. Para completar, ao tentar arrumar sua bagunça, Bea cortou os dedos com os cacos.

Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora