|Capítulo 33|

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Joe não foi bobo esperando uma possível resposta de Beatrice. Ele sabia que não escutaria um "eu te amo" da boca dela e, para cortar o clima tenso que se estendeu após essas últimas palavras, ele sorriu, sem graça, diante do rosto pálido dela.

- Vou tentar ligar de novo pro Jordan.- E ele abriu a porta, pulando para fora da colheitadeira. O ar invadiu o local que estava fechado, trazendo uma sensação de frescor a Beatrice e permitindo que ela soltasse a respiração que havia prendido. Bea massageou as têmporas. Como isso havia acontecido? Por que Joe precisava confundir as coisas?- Bea?- Ele olhou para dentro do veículo, fazendo com que ela saltasse. Estava tão absorta em pensamentos de como resolveria aquela situação que se assustou com o suave chamado.- Não precisei ligar. Sentiram nossa falta.

Beatrice olhou através do vidro e avistou uma caminhonete invadindo os campos de algodão. Ela sentiu uma sensação de alívio. Guiada pelo desespero, Beatrice desceu da colheitadeira, cambaleando e se apoiando na mesma. Depois, ela respirou fundo. Nunca imaginaria que o momento que tanto sonhou com Joe, acabaria tão mal. Em um minuto e meio, Jordan desceu da caminhonete e os encontrou.

Os irmãos Hammar discutiam como aquele acidente teria acontecido se os registros de manutenção estavam todos em dias. Enquanto eles falavam sobre o assunto, Beatrice apenas se dirigiu até a caminhonete, deitando no banco traseiro. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

Prometera pra Peter que não permitiria que Joe se apaixonasse. Talvez, ela não tivesse percebido antes. Talvez, seu ego falou mais alto, e ela foi egoísta. Não queria perder tudo que tinha com Joe. Mas sabia que não poderia dar a ele o que ele queria: amor.

Porque Beatrice não se julgava alguém amável. E não estava pronta pra se importar com alguém antes dela mesma. Ou de esperar por mensagens de boa noite. Ou merecedora do amor de Joe. As coisas fugiram de seu controle e ela não sabia como consertar.

- Bea.- Ele a chamou de novo, dessa vez, pela janela do carro. Ela se levantou rapidamente. Cruzou os dedos atrás do corpo em um movimento desesperado que indicava o quanto ela ainda não queria falar sobre aquilo. Precisava se preparar, e não tivera tempo.- Você está bem?- O olhar de Joe parecia preocupado, procurando por algum problema nos olhos dela.

Como uma boa atriz, Beatrice sorriu.

- Sim, e você?- Ela sentiu vontade de morder a própria língua.

-Jordan vai te tirar daqui.- Ele não respondeu se estava bem.

- E você?

- Tenho que ficar. Vão resolver o problema da máquina.

Beatrice cruzou os braços, sem saber o que fazer com as mãos nervosas.

- Bem, quem sabe da próxima vez dá certo, né?

Joe assentiu, batendo duas vezes na lataria do carro como em despedida e se retirando.

Jordan entrou pelo lado do motorista.

- Com sede?- Ele ofereceu uma garrafa de água gelada que estava no porta-luvas. Beatrice aceitou e virou a garrafa.- Você deve ter achado horrível, mas isso não acontece com frequência.- Jordan começou a dirigir, mas o olhar de Beatrice se fixou na imagem de Joe sozinho encostado na máquina agrícola e olhando para baixo.- Acho que devo pedir desculpas em nome da Pejari.

- Não se preocupe.- Beatrice declarou, vendo outra caminhote no caminho deles e, logo depois, estacionando perto de Joe. Três trabalhadores usando macacões azuis desceram do veículo.- Eu estou bem.- disse por fim, tentando convencer a si mesma.

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Beatrice estava tão soterrada em seus problemas com Joe e como levaria aquela relação a diante que não conseguiu ser produtiva pelo resto do dia. Após duas horas de tentativas, Marian cedeu.

Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora