A reconciliação

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Passou-se quatro dias desde que briguei com a Leila.

Eu me descontrolei quando estávamos sentados no sofá, mas tudo que eu queria era que ela percebesse que eu quero protegê-la.

Eu sei que eu virei um monstro, mas graças à isso posso proteger quem eu amo, se eu fosse um monstro na época em que os meus pais estavam naquele carro, eu poderia tê-los salvos, eu poderia ter feito diferente ao invés de deixar tudo acontecer como um completo imbecil.

Eu tenho medo da Leila  sair para uma missão e não voltar. Ela e o Christian são tudo que eu tenho. Na verdade, no momento eu tenho apenas o Christian.

Leila tem se afundado cada vez mais numa depressão terrível. Não come, não fala, só chora.

Não falei com ela por achar que sou o culpado, sou o monstro que fez isso com ela e que seria melhor ela ficar longe de mim. Mas sou um babaca, filho da puta de um egoísta e estou com saudades da minha mulher.

Minha sim porque ela vai voltar para mim nem que seja a última coisa que eu faça na vida.

Eu fiquei fora de mim quando eu a ouvi gemendo e principalmente quando eu fui no quarto do Riccardo, rezando para ser apenas um pesadelo e ela estava lá, linda como um demônio, dormindo como um anjo ao lado de um homem que não era eu!

Eu quis mostrar para ela que ela era uma verdadeira prostituta porque eu queria que ela sentisse a mesma dor que eu.

Eu, como homem que sou, não poderia perdoar uma traição dessas. Eu, como mafioso, deveria matá-la, como eu a amo, optei por torturá-la.

Eu quis que ela se entregasse a  mim, vendo o monstro que eu sou, eu quis que ela sentisse medo de mim e se sentisse mal ao ver que ela gostava do que eu estava fazendo e a cartada final foi o dinheiro atirado no corpo dela depois de tê-la usado como eu bem quis.

A ideia era abandoná-la na minha casa, a ideia era não vê-la nunca mais, mas eu não consegui. Vê-la caindo, chorando, se humilhando, acabou comigo.

Fiz isso para que ela achasse que mesmo depois do cabaré ela continuava sendo uma prostituta.

Eu não consegui deixá-la lá e me arrependi da merda que eu fiz, mas eu nunca vou falar isso para ela.  

Depois de ter visto o vídeo e visto que ela não teve coragem de chegar até ao fim, de ter visto o Riccardo entre a vida e a morte, eu senti e ainda sinto que sou bem pior do que eu imaginei que fosse.

Fomos tomar café da manhã.

“Leila ainda está de regime, meu filho?” Meirieli perguntou abafando um riso.

“Sim, mãe. Não há nada que a faça comer.” Christian respondeu contrariado.

“Depois o cruel do bando sou eu. Um entrou no coma, saiu e está mais morto do que vivo e a outra entrou em depressão. Aliás, o que você  fez com ela, Salvatore? Quem será a sua próxima vítima do bando? Cuidado, Christian! Você pode ser o próximo!” Lorenzo riu.

Ele falou que o Christian pode ser o próximo, só porque no início era com o Christian que ela queria ficar. É um filho da puta mesmo!

“O próximo será você se não calar a porra da boca! Mas respondendo a sua pergunta, eu fiz o que eu pensei que eu deveria fazer com ela no momento. A dei um corretivo inesquecível, pelo menos eu não a matei como você  fez com a Nathália.” Respondi.

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