Os passarinhos

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De revanche em revanche o tempo passou tão rápido que só paramos de jogar quando o Christian literalmente apagou na cama, ainda com o controle do vídeo game na mão.

Desliguei o vídeo game, retirei com cuidado o controle da mão dele  para que ele não acordasse e como tinha esfriado e ele sequer estava com um casaco, tomei a liberdade de abrir o armário dele para pegar um cobertor.

Vi também que tinha um colchonete e peguei. Provavelmente, aqui deve ter quarto de hóspedes, mas como ele não disse nada a respeito, vou dormir no chão mesmo. Arrumei a minha cama e coloquei um cobertor em cima dele.

Acordei e o Christian ainda estava dormindo. Fui mijar e resolvi colocar o meu celular para carregar. Assim que ele ligou, uma onda de euforia surgiu em mim: será que eu recebi mensagem de algum amigo meu querendo saber como eu estou? A resposta logo veio: não. Será que o acidente que houve  com a minha família não apareceu em nenhum jornal? Fiquei um pouco triste, como se eu estivesse sido abandonado.

Resolvi ligar o  computador para mandar uma mensagem para a Marinne, precisava ter notícias dela e dos meninos e também dizer que o Christian iria pegar as minhas coisas. Admito que estou com saudades dela.

Quando loguei o MSN, Christian acordou e me impediu de falar com a Marinne, fiquei frustrado, mas acho que ele estava correto em pensar que seria arriscado.

O tempo passou e finalmente chegou a hora em que o Christian iria sair para invadir o orfanato. Me surpreendi em saber que iria junto.

Entramos no carro e ele começou a dirigir, paramos numa banca e eu coloquei  crédito no celular, Christian voltou a dirigir até que chegamos no orfanato. Ele parou com o carro um pouco afastado do orfanato para não chamar muito atenção.

“Fica aqui. Qualquer coisa me liga, qualquer coisa eu te ligarei também.” Christian disse.

“Obrigado.” Disse. Ele não sabia o quanto estava grato por tudo que ele estava fazendo por mim, ele não sabe o quanto o que ele vai fazer significa para mim. Ele assentiu com a cabeça, eu o acompanhei até que ele desapareceu do meu campo de visão.

Embora eu não precise fazer nada, uma agonia tomou conta do meu corpo juntamente com uma adrenalina e ela não era completamente ruim. Será que é isso que o Christian sente? Como não tinha nada para fazer, resolvi ligar o rádio.

Parece que fiquei uma eternidade ali parado, mas acho que devo ter ficado uns 40 minutos até que o meu celular tocou e o meu coração faltou sair pela boca. Era o Christian. Será que aconteceu algo?

“Salvatore, sou eu. Ela não está acreditando.” Christian disse puto da vida.

“Passa o celular para ela.” Pedi.

“É você mesmo?” Ela perguntou.

“Sou eu sim. Talvez você não esteja reconhecendo a minha voz, minha mãe sempre me dizia que a minha voz fica um pouco mais grossa quando eu estou no celular e, infelizmente, não pudemos ter ficado muito tempo juntos. Desculpa por estar falando isso tudo, eu estou nervoso e quando estou nervoso eu falo muito, mas você pode confiar nele. Eu estou indo para aí para que me veja.” Enfim calei a minha maldita boca e quando dei por mim, a minha mão estava suada e gelada.

“Ok.” Ela respondeu e eu desliguei.

Saí do carro e caminhei até a frente da janela da Marinne. Olhei para ela que estava com uma expressão apavorada. O que será que aconteceu? Ela não estava olhando diretamente para mim, então resolvi seguir os olhos dela e foi aí que eu vi o segurança. 

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