Capítulo 1

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Nota da autora: Olá queridxs, talvez estranhem um pouco essa história porque ela possui um estilo diferente das outras que já postei, mas de qualquer maneira, espero que gostem!

Eu não deveria te contar isso. Sabendo que essa história envolve a vida de outra pessoa que gosta da privacidade dela, eu deveria manter a minha boca calada e não te dar o privilégio de saber dessa linda história que tive a honra de viver. Mas aí eu me lembro que você é apenas um diário, ou melhor, o meu diário, então eu não me preocupo porque sei que essas palavras ficarão sempre comigo. E eu me recuso a começar com “meu querido diário...”, qual é? Eu tenho 28 anos e estou escrevendo a droga de um diário, isso já não parece infantil o suficiente? A verdade é que eu precisava contar isso, ainda que para mim mesma, acho que é uma forma de me fazer acreditar, porque até agora eu não acredito, sério, como isso foi acontecer comigo? Não faço ideia, mas ainda bem que aconteceu. Como sou agradecida. Eu sei, estou te enrolando, certo, vou te contar: Eu conheci Meryl Streep. Mas não de apenas pegar um autógrafo, eu conheço Meryl Streep, sim, é verdade.

Era para ser mais uma manhã normal, sempre com meus dentes escovados e meu estômago vazio, à procura de um trabalho qualquer que pudesse ao menos me ajudar a pagar o aluguel do meu pequeno “apart”, não, aquilo não deveria ser chamado de “apart”, era apenas um espaço que me protegia da chuva, com pouquíssimos móveis, afinal eu só precisava daquele lugar pra dormir mesmo. Então, eu estava à procura de um trabalho, tinha visto um anúncio no jornal de que precisavam de “limpadores para eventos”, eu nem sabia que isso existia, mas quem era eu pra exigir algo melhor? Quando cheguei lá, a moça de cabelo esquisito imediatamente me contratou. Como assim? Quem é o ser humano que em sã consciência contrata uma pessoa sem nem ao menos conhecê-la? Hello, eu poderia ser uma assassina ou uma terrorista doida pra cometer um crime e ainda assim você me contrata? Certas pessoas, eu não sei não. Mas quem era eu pra exigir algo? Eu estava com fome e esse trabalho seria só por um dia, eu, junto com um grupo de pessoas, teria que limpar o local onde aconteceria um evento beneficente, mas não era um evento qualquer, esse era um evento grande sabe, onde os famosos iam e doavam seus milhares de dólares.

Assim que eu soube que haveria famosos lá, A ‘minha pequena eu’ ficou completamente louca, quem será que eu veria? Brad Pitt? Diane Keaton? Foi aí que meu estômago me trouxe de volta à realidade, eu estava fazendo isso pelo dinheiro, e a moça de cabelo esquisito tinha sido bem clara, “Não fale com os famosos de jeito nenhum. Faça seu trabalho e ponto final.” Tá bom, tá bom, eu sei, quem era eu pra falar com os famosos?

Só os fotógrafos haviam chegado, e eu estava na minha missão de limpar o tapete vermelho. Droga, porque tínhamos que estar no Outono? As folhas das árvores não paravam de cair, o que me fazia me sentir um Tom Cruise numa Missão Impossível. Falando em Tom Cruise, não é que ele tinha acabado de chegar? Tão mais bonito pessoalmente, eu não me incomodaria de limpar a casa dele, não mesmo. Eu senti alguém tocando no meu ombro. “Você poderia voltar ao trabalho?! Vá limpar ali perto da entrada!” Me falou a moça de cabelo esquisito quase me fuzilando com os olhos. Ok, ok, eu já estou indo, eu acho que essa mulher precisa de um namorado, urgentemente. Mas ela tava certa, perto da entrada já estava quase parecendo uma selva de tanta folha que tinha caído, meu estômago reclamou outra vez e a hora do almoço ainda estava longe. Enquanto eu estava abaixada pegando algumas das folhas, alguém se esbarrou em mim, se esbarrou não, praticamente caiu por cima de mim. Caramba, eu sou tão invisível assim? A verdade é que quando me levantei e me virei, não sabia que eu ia ter uma visão, aquilo só podia ser miragem, a fome já tinha subido ao cérebro, porque ela estava ali na minha frente, sorrindo um sorriso de quem se sentia culpada por ter se esbarrado em mim.

“Oh Deus, me desculpe, eu tava olhando para os fotógrafos e não te vi, perdão.” Ela me falou. Eu não consegui falar, eu não deveria falar, eu só falaria se eu quisesse a moça de cabelo esquisito me matando. De repente, tudo começou a rodar e a escurecer. O quê? Já tava ficando de noite e eu ainda não tinha almoçado? “Ei, você tá se sentindo bem?” Eu ouvi aquela bela mulher falar comigo outra vez. Eu deveria dizer que sim, mas agora já tava tudo escuro e eu não tinha mais forças.

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