♚ I - 13 ♛

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PV: Manuella

Pai. Um pai que foi morto a 11 anos atrás. Um pai que é inimigo do cara que eu aprendi a amar, um pai que comanda um império de drogas, que é procurado. Um pai que não deveria tá vivo. PL me olha em pânico, meu mundo começa a desmoronando, tudo que eu sabia simplesmente não era mais verdade. 

Minha cabeça não funcionava direito, uma confusão se instalava enquanto ouço o cara do outro lado gritar meu nome e implorar por uma filha que ele... que ele abandonou. Sento na cama procurando uma saída, uma explicação pra tudo aquilo. PL se choca contra a porta do quarto e me olha, vejo a confusão lá.

Olhar nos olhos do PL me destrói. Cada brincadeira idiota, cada beijo, cada sorriso passa pela minha cabeça. Entendo o que ele sente, ele odeia o meu pai e consequentemente me odeia. Eu também odiava o meu pai, ele destruiu uma criança sem perceber. Levanto da cama chorando baixo e vou na direção do guarda roupa. PL fica me olhando encostado na parede, eu sabia o que ele queria.

Visto um vestido qualquer e o primeiro par de tênis que encontro. Soluço assim que calço o último pé, eu não queria deixa-lo, mesmo que matar duas pessoas fosse consequência do seu mundo, eu queria aquele idiota. Ando até o espelho e começo arrumar meu cabelo num rabo de cavalo bagunçado.

—Pra onde tu pensa vai?— Paraliso encarando seu reflexo no espelho. Meu coração já tava descontrolado, eu só queria facilitar as coisas.

—Embora, PL—Tento conter o choro quando ele me escuta.

—Mas não vai mesmo. — Encaro ele sem entender, sair ou morrer, essa era as únicas opções que eu tinha. — Tu acha que eu vou te deixar sair por aquela porta, da locona?

— PL, eu sei... —Paro de falar quando ele se descola da porta e vem na minha direção. 

Ele pega arma perto da cama e coloca no quadril, o rádio é colocado de lado e ele vem lentamente até mim. Começo a chorar, eu não queria ir. Eu não sabia o que fazer se toda aquela história fosse mentira. Eu não tive mãe nem pai por muitos anos, viver sozinha sempre foi a minha cina. Eu não queria encontrar alguém que importasse pra mim e simplesmente larga-lo por causa de alguém que deveria tá morto!

  — PL...— Ele me alcança e segura meu rosto. 

 —Tu não vai sair da minha vida, morena.— Agarro ele, minhas mãos seguram seu quadril como se fosse a única forma de sobreviver. —Eu te amo, já toquei essa fita. Tu é minha!

Agora choro descontroladamente abraçada a ele. Perder alguém era a pior coisa que já inventaram. Não tem dor maior que perder alguém que você ama, alguém que você passou a contar na vida. O sentimento deve ser parecido com uma bala, ela te arrebenta igual, faz você desejar a morte invés de passar pela dor, pela queimação de ser rasgado.

—Também te amo.—Sussurro enquanto ele beija meu cabelo, sente o meu cheiro e me espreme contra ele.

Não era normal, eu sabia. Ele era diferente, era bruto, achava que tinha o controle de tudo e se achava na razão. Não era normal gostar de alguém que te irritava, que tentou foder com a tua mente em menos de 4 meses, mas quando o amor vem pra te ferrar, teu coração pode até ser de pedra, o maldito lápida e você fica a mercê. Amor de pica era um dos piores, mas amor de parceria, ai não prestava. Te destruía aos poucos sem tu perceber. Imagine a merda quando você tem os dois!

—PL!— Me assusto com o grito e me agarro mais ao PL.—JÁ TO FICANDO SEM PACIÊNCIA, CADE A MINHA FILHA?!— PL me largou e foi até o rádio.

—Cala a porra da boca, desgraça.— PL grita.— Passa esse rádio pro, Cabeça

—Quero minha filha!— Me sento de volta na cama atordoada

O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora