♚ I - 07 ♛

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Um mês depois

PV: Paulo(PL)

Desço da moto, faço toque com os quatro que estão de pronto na porta e entro em casa. Fazia um mês que tudo tinha acontecido, não tinha sido fácil aguardar pelo desgraçado do Gustavo enquanto o sangue dela ainda tava em mim, mas quando ele veio até mim quase 3 horas depois, respirar foi um alívio.

—Família da Manuella?— Era a voz dele então me levantei

—Sou eu, mano!— Ele procura no lugar por mais alguém, mas logo vem até mim

—Tô falando sério, Paulo. Cade a família dela, aqui nem tem o sobrenome dela — Diz ele mexendo nos papéis

—Fala logo como ela ta, seu bosta! —  Tento ir pra cima dele, mas o Cabeça me prende no lugar.

—Ela ta bem, a gente retirou a bala que ficou alojada na costela, mas não atingiu mais nada que fosse vital. O embrião não foi atingido, ele ta bem. — Eu respiro, só agora percebia que segurava o fôlego.

—Quando ela vai ter alta?— Cabeça pergunta

—Dois dias, preciso acompanhar de perto. — Ele volta a falar comigo.—Quem é essa mulher Paulo?

—PL — Corrijo

—Quem é ela?—Insiste, eu não duvidei do que dizia.

—Minha mulher.—Ele rir

—Tô falando sério

—To falando, ela é minha mulher!

—E a criança?

—Minha— Ele se aproxima como se assim descobrisse alguma mentira.

—Como assim sua, ta doido? A mina é mó dondoca, que merda tas escondendo?— Completei a distância entre nós.

— Agora tá interessado na minha vida? Meu dinheiro não te serve mais, a minha vida também não. — Lhe dei as costas e sai dali. Só voltei pra pegar a Manú.

O problema depois daquele dia foi ter que aguentar o Gustavo na minha casa. Eu não era um irmão ruim, sustentei ele a Gabriela por muito tempo, mas eles não receberam a minha vida como eu fui forçado a fazer. Pra eles eu não era nada. Na verdade era, um "nada" no meio de um monte de bosta.

Depois de toda aquela merda dobrei a segurança da minha casa. Não consegui achar quem provocou toda aquela confusão que quase matou a Manú e a criança. Passei algum tempo procurando, mas os rastros levavam até o Alemão e lá eu ainda não mandava, não ainda.  Quando meu pai morreu, jurei que mataria o atual dono e ficaria com tudo que ele construiu, isso não tinha mudado, só precisava de mais tempo. 

Abro a porta da sala e o silêncio me assusta, geralmente encontro a Manú assistindo na sala... ou tentando, já que o que ela mais faz agora é dormir. Esse último mês foi difícil pra ela, pra mim também. Não sei qual foi a parada, mas me apeguei a marrenta. Era lindo quando ela sorria ou quando fazia careta demonstrando irritação. Eu gostava de irrita-la. 

O ruim de tudo, e o que mais me tirava do sério, era o Gustavo, ele não parava de se enfiar na minha casa e era por isso que eu estava ali. Tinham me passado pelo rádio que o filhote de cobra tava ali dentro mais uma vez. Ele vinha quatro ou cinco vezes por semana e isso me atormentava da pior forma, vinha trocar o curativo e ver como o bebê estava, isso não me agradou muito, mas fazer o que se o filho da puta é médico? Não era a porra de ciúmes, eu não era capaz de sentir essas parada por ela, era a raiva por ele mesmo. 

Vou na cozinha primeiro e pego algo pra comer, eu tava morto de fome. Subo as escadas e vou em direção ao quarto que ela estava, ela tinha se negado a ficar no meu quando acordou depois que a trouxe. Abro a porta e paro até de comer. O Gustavo tava sentado, tocando seu rosto e velando o sono da Manu. Mas que porra esse desgraçado ta fazendo ali olhando a minha m... olhando ela dormir?

O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora