PV: Paulo (PL)
Quando os maluco foi pra debaixo da terra e eu finalmente decidi ir pra casa, a primeira coisa que me contaram foi que meu parceiro tava com minha mulher no maior papo na frente da favela inteira. Nem dei trela, ela tinha ido pra casa, eu tinha certeza. Subi pra lá e quando cheguei, nem sinal dela. Ela só pode tá querendo me enlouquecer. Peguei a moto e Fui de boa.
Vi minha mãe e meu pai serem mortos por causa da minha atual profissão. Vi meu irmão se revoltar contra mim depois de tudo que eu fiz por ele, depois o vi tentando roubar a Manú de mim. Vi minha irmã se jogar no mundo sem se preocupar com estudo, profissão ou qualquer outra merda.
Ela só se importava com dinheiro, enquanto a prata cai na conta ela me acha o melhor irmão do mundo. Mas caso eu esquecesse uma semana sequer, ela ligaria do inferno que estivesse, ou brotaria na minha frente, pedindo satisfação. Como se eu ganhasse tanto dinheiro quanto perdesse a cabeça.
Mas ver o Cabeça e a Manú agarrados foi a pior coisa que poderia acontecer. Ouvir mais cedo aquele merda cheio de noia pra cima da minha filha deu vontade de encher a cara dele de buraco, mas ver meu amigo agarrado com minha fiel bateu uma neurose. Vendo aquela cena quis ser o próprio capeta pra poder queimar ele vivo ali mesmo.
A mina foi a única que apareceu e não me pediu nada em troca, apenas me deu.Tá, a mina era louca. Gostava de me tirar do serio, curtia com a minha cara como se nem ligasse com o perigo que tava lidando. Eu não era os playboy que curtia um beck e achava graça quando a novinha partia pra outro. Aqui não era assim. Onde vivo a mina só sai fora quando eu deixo.
Bati, bati com vontade naquela praga sem pensar em nada, apenas deixei a raiva me consumir. Talarico morria cedo e nunca fazia falta. Não pensei que tivesse vendo errado, PH já tinha trocado ideia parecida, só juntei 1+1 e fui. Acertar a cara dele foi recompensa por não ter acertado um belo tiro.
Pior do que ver a roupa da Manú, o sangue e o talo na perna que eu não fazia ideia de como foi parar ali, foi ver ela sendo jogada dentro daquele carro. Enquanto ela mirava a arma, ou tentava me assustar, eu via o medo misturado com a mascara que ela colocava todas as vezes que tava na minha frente.
Ela tentava ser forte, tentava me dar medo e mostrar que nunca iria precisar de mim, poderia até ser. Aquela louca tocava o caminho dela da forma que quisesse e mandava o resto pra puta que pariu, mas eu não ia deixar ela em paz. Se ela não fosse minha eu ia atormentar a vida da desgraçada até ela entender que era ao meu lado que ela deveria tá.
Vi o maluco voltar do carro que tinha jogado ela, eu segurava o cano esperando que ele viesse de graça e eu tivesse mais uma desculpa pra partir pra cima de mais uma curtir a adrenalina. Meus homens fizeram um muro na minha frente impossibilitando que alguém chegue até mim. Consigo ver o Caveira vindo até mim.
— Desce ai, seu merda!— Ele grita.— . Desce aqui pra bater em homem de verdade!
Eu não ia descer, ainda dava pra ver o rosto da Manú pelo carro, se eu fosse real bater de frente com o coroa seria em um lugar deserto, sem riscos de ser culpado pelo o infarto ou as causas naturais que eu faria questão de pagar pra alguém dizer. Não era possível, eu não tinha mais ninguém pra odiar quanto o filho da puta na minha frente.
—Se acalma zé, o coração pode não aguentar. — Sorriu —Isso seria triste.— Ele não me deixa terminar pra avançar.
O ogro de merda agarra o filhote da morte e eu gargalho, ele era estressadinho. Era da hora curtir com a cara do velho e ver o desgraçado ficar puto. Mesmo que eu não pudesse matar eu ia adorar atormentar ele até o fim da vidinha de merda dele .
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O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)
Fiction généraleSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...