♚ PRÓLOGO "Salva Pelo Traficante"♛

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PV: Sofia

A batida do DJ me leva a se soltar junto com Bia, danço meio desajeitada mesmo, nem me importo com os olhares e nem com a falta de salto. A Bia me entope de refrigerante porque meu pai deu ordens pra não tomarmos nenhum tipo de bebida alcoólica. Mas eu só sorriu aceitando tudo.

O Junior sumiu, não deu nem 10 minutos dentro da quadra e numa virada de rosto não vi mais ele. Já faz quase uma hora que dançamos ao som do funk e, graças a Deus, nada de ruim aconteceu. Meu aniversario parecia o melhor de todos.

Dançamos como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, como se dançar fosse algo que sempre fazíamos. Danço sem jeito mesmo, caiamos na risada quando esbarrávamos em alguém que nos olhava feio. Eramos duas "crianças" que praticamente nunca havia saído de casa.

Pra minha infelicidade, do nada, a batida muda e começa a tocar Marilha Mendonça no meio da coisa. Eu fico sem saber o que fazer, a Bia se agarra ao Felipe provocando sorrisos nele e eu fico olhando pra filha da mãe. Quando tá com o macho esquece as amigas rapidinho!

Olho a minha volta e me deparo com todos agarrados a alguém. "Que ótimo!" Fico lá sem jeito olhando pros meus próprios pés descalços. Depois de uns 2 minutos que parecem uma eternidade, olho pra Bia ainda agarrada ao Felipe. "Não posso ficar aqui fazendo papel de idiota" Olho por cima das cabeças e vejo uma placa de banheiro a distância. "Minha salvação"

-TÔ INDO NO BANHEIRO! - Grito por cima da música pra Bia escutar, ela apenas balança a cabeça e eu reviro os olhos.

Começo a andar e vou desviando dos casais quase se comendo nas paredes, vou na direção da placa. Tem uma fila grande, dez ou mais pessoas encostadas na parede com cara de tédio, esperando a pessoa de dentro sair. E eu faço o mesmo, fico lá no final da fila.

A música acaba e, pra minha má sorte, Marilha Mendonça volta a sair pelos fones. Era uma ótima forma de passarem na minha cara a falta de um namorado. Cruzo os braços e encaro a porta do banheiro no exato momento que ela se abre. Na verdade ela é escancarada, me firmo nos pés pra andar junto com a fila, mas um choro me chama atenção e olho na direção da porta de novo.

Um cara sai arrumando a calça, uma garota morena chora as suas costas. As pessoas da fila baixam a cabeça ou olham pra outro lugar enquanto ele sai. Estremeço quando a garota passa por mim chorando, segurando a roupa de baixo, seu top tá arrebentado e o sutiã fica amostra. Engulo em seco e olho pro cara vindo.

Ele caminha tranquilamente na minha direção enquanto arruma a calça. Ele não tem camiseta, e seu corpo é coberto por tatuagens. A flor vermelha é a que me chama mais atenção e eu a encaro por parecer tão bonita. Tento ver o nome escrito nela, mas ele põe a mão e eu levanto os olhos.

Paro de respirar imediatamente quando encaro seu olhos. Ele vem chegando mais perto e ele me encara fixamente. Seus olhos negros me fazem arrepiar, um sorriso branco estampa os seus lábios. Baixo o rosto já com o coração disparado. Ele passa por mim e escuto sua risada baixa, meu corpo inteiro congela.

Depois de minutos, que parecem horas, consigo entrar no banheiro. O banheiro fede a vômito e outras coisas bem piores, fazer xixi sentada não era uma opção e eu improviso. Saio de lá já farta. A Bia tinha me trocado, meus pés estavam me matando e o olhar daquele cara ainda me fazia arrepiar. Eu queria ir embora.

Caminho para o local que a Bia e o Felipe deveria estar, mas eles não estão lá. Caminho mais para o fundo tentando ver pelo menos a cabeça de um dos três, mas não consigo ver quase nada por causa da minha altura e das luzes brilhantes no teto.

Procuro a minha volta, caminho na direção da multidão e acabo no meio do baile. Olho pro palco do DJ e depois para o camarote pra poder saber melhor onde estou... Mas sinto o meu sangue congelar quando olho pra cima. Lá no camarote olhos negros me encaram.

O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora