1 ano e 6 meses depois
PV: Manuella
Tinha três testes de gravidez nas minhas mãos, três testes com um nítido "Gravida" escrito. Engravidar da Tina tinha sido um descuido, mas eu sabia das consequências quando decidi abrir mão de todos os cuidados quando a vontade louca entre nós dois surgia.
Eu já estava ali, no meio da zona que era a vida do PL, porque eu ia negar a felicidade de nós dois? Só não sabia que viria quase 6 meses depois de parar com as pilulas. A Tina tinha pouco mais de 2 anos e eu ainda tinha dificuldade de agir como mãe. Respirei fundo antes de abrir a porta do banheiro e gritar o nome dele.
—Paulooooo! — Grito.
Escuto barulhos de pisada nas escadas e um PL sem camiseta e sem fôlego aparece na porta do quarto em poucos segundos, ele quase me derruba tentando entrar no banheiro. Ele passa por mim com uma arma na mão e olha o banheiro como se tivesse um monstro verde saindo das paredes.
—Mas... — Ele olha pela janela procurando alguma coisa, eu tento não rir.
Me apaixonar por ele era uma coisa diária. Ele não tinha paciência, era exagerado, dramático e paranoico, mas protegia nós duas com a própria vida sem pensar duas vezes. Era errado sim, me tirava do serio com bastante facilidade, mas ficava de quatro pela Tina se ela disse: Senta papai. Se brincar eu também ficaria se ela mandasse.
—Ta maluca?!— Ele grita e vem até mim.— Eu odeio quando tu faz essas coisas, sabe que um grito teu me dar um nervoso! — Ele envolve minha cintura com um dos braços, vejo quando ele baixa os olhos pras minhas mãos entre nós dois.
—Deu merda.— Sussurro. Ele olha pra mim sem entender.
—Teu pai morreu? —Ele tenta não rir. — Isso né merda não, Manú, é um sonho.
—Acho que tô gravida. —Respondo e ele me solta.
Seus olhos enfim caem pras minhas mãos com mais atenção, ele tenta se segurar na bancada da pia. Larga a arma lá antes de passar a mão no cabelo e recolocar o boné. Eu tava suando tanto que eu sentia as gotas escorrerem pelas minhas costas.
—Eu...
—Fica quieta ai, Manú! — Ele suspira fazendo careta — Deixa eu respirar.
— Tu num vai ter um AVC na minha frente não, né?
—Tá falando sério? — Ele meio que sorrir meio fica pálido. — Meu Deus.
—Eu parei com as...
—Eu vou ser... vai ter mais um...— Corro até ele vendo ele procurar o sanitário e sentar nele com tudo, pelo menos a tampa tava baixada.
—Respirar. — Pego uma das caixas e tento ventilar na direção dele. Ele parecia que ia desmaiar. —Vai passar mau agora, Paulo?— Ele bufa puxando a caixa da minha mão.
— Não, vou passar mau depois... quando ele tiver pra sair. — Comecei a rir. — Acha isso engraçado, Manuella?
—Eu que deveria tá preocupada, porque...— Ele não me deixa terminar, suas mãos me puxam na direção dele.
Sorriu vendo o homem que me fazia ficar cada dia mais apaixonada por ele surgir. Suas mãos acariciam as minhas costas, sua boca distribui beijos na minha barriga. Eu tava com medo e entendia o medo que ele também sentia. A Tina era uma criança ainda, a gente só era dois loucos no meio de um mundo inteiro de pessoas querendo nossas cabeças.
—Obrigado. — Diz enquanto beija e me olha.
—Tá feliz porque não é tu que vai passar por tudo aquilo de novo.— Ele rir.— Ficar andando feito uma pata e molhando a calcinha porque espirrou. — Ele gargalha, eu não achava graça.
—Vai ser a patinha mais linda.— Ele faz careta.— E sou eu que vou aguentar teus drama, tuas comida mó nojenta, vou sofrer mais que você.
—Idiota! — Lhe dou uma tapa fraca fazendo ele rir um pouco mais me impedindo de bater um pouco mais.
Ele me beija daquele jeito antes que eu fale novamente. Me marcando, me tocando em lugares que só ele sabia que me deixava louca. Seu corpo se cola ao meu, sinto sua pele quente, a ereção se formando e o desejo que vinha junto com o beijo. Me afasto antes que minha roupa se vá. Ele resmunga.
—Pensei que Ficaria com raiva.—Ele nega me puxando mais uma vez.
—Com raiva da vida que tu me deu?
—De ter mais um filho, mais um pra proteger. —Ele me olha com um sorriso calmo, de canto.
—Manú... Eu nunca tive um pai presente, nunca soube o que é ser filho ou ganhar amor incondicional de alguém. A Tina me mostrou o que é ser pai de verdade, você me deu isso...me mostrou que amor não é a merda que eu achava que sentia.
—Eu amo você. Sabe disso, não é? — Ele rir.
—Seu amor não é igual o meu. — Eu rir, mas ele permaneceu serio.— Sou louco. Os loucos amam diferente, não aceito dividir, não aceito distancia e muito menos devolução.— Eu gargalhei
—Um dia tu vai acordar e vai querer me devolver pro meu pai, pode começara a contar os dias. — Ele não riu, ficou olhando pra mim como se tentasse me fazer acreditar nas suas palavras.
—Não vou te deixar, Manú. —Fiquei seria. — Você é o meu vicio, minha droga, minha obsessão diária. Você me deu coisas que me fizeram acreditar que eu merecia amor e não todo o desprezo do mundo. — Ele acaricia minha barriga.—Não tenho mais jeito, Manú. Não vou pro céu e nem pro purgatório. Pelas coisas que fiz porque gostei, vou direto pro inferno disputar o comando com o Capeta... Isso que você me deu é o meu céu. Você e a Tina é o meu mundo. Porque merda eu ia deixar o meu paraíso?
Pouco mais de um ano depois
Vitor e Vinícios
Continua em...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)
Genel KurguSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...