PV: Manú
O mundo as vezes te surpreende, te dá uma rasteira filha da puta e você se ver gostando de alguém completamente fora da sua casinha. De longe, ainda trancada no quarto, eu escutava o barulho de algum baile funk espalhado pelo morro. A música era alta, o barulho de moto e carro, além da galera passando ali perto, também me fazia revirar na cama.
Desde aquela manhã eu não tinha visto o PL e isso era a única coisa capaz de me tirar qualquer sanidade ainda existente. Me sentei na cama pela segunda vez e tentei ouvir algo atrás da porta, não havia nada, nem uma porcaria de música. Eu não duvidaria que "O Dono do Morro" estivesse onde aquela música era capaz de explodir os meus ouvidos.
Me levantei, abri a porta lentamente e tentei ouvir algum barulho, eu deveria ter medo dele, o maldito tinha um humor do cão. Mas algo, talvez a minha buceta, insistia que queria o desgraçado por perto. Não ouvi nada do corredor, resolvi descer de qualquer jeito.
Desda àquela manhã maluca não tinha visto ele, na hora do almoço ele não estava lá, e até agora um sussurro sequer dele eu tinha ouvido. Desci as escadas lentamente. Assim que cheguei no fim percebi que não havia ninguém na casa. Estava tudo escuro, qualquer iluminação que tivesse na casa, vinha da cozinha, da unica lampada sobre a bancada.
Fui até ela, era lá que a comida estava. Abri a sacola e me arrependi de ter concordado com qualquer ameaça daquele maluco, eu não ia aguentar aquilo, eu não ia sequer sobreviver a mais alguma horas sozinha dentro daquela casa escura.
Coloquei as quentinhas na bancada e abri o armário tirando o prato de lá. A comida parecia está deliciosa, belisquei alguns pedaços da linguiça na brasa que eu sabia que era dele e não podia comer, e comecei a fazer meu prato.
Coloquei tudo no prato junto com a carne e guardei o resto, eu tava de costa pra entrada da cozinha e quando me virei, quase derrubei o prato. Suspirei alto tentando controlar o coração. Ele tava lá, como um maldito fantasma com aquele sorriso idiota. O maldito tava sem camisa, lotado de cordões de ouro no pescoço e cheirava como...não importava!
Ele sabia o quanto ficava lindo quando fazia aquilo? Quando resolvia que apenas um boné e um sorriso daquele acabava comigo, não era normal. Impossível que ele conseguisse além de controlar a minha buceta, conseguisse me manter completamente instável. Eu não conseguia ser a Manú de sempre, ele sabia como me tirar do sério.
— Deveria fazer filme de terror — Comecei.— Com essa sua cara não precisava nem de produção — Ele tentou não rir. Passei por ele tentando controlar o impulso de roçar em seu peito. Ele cheirava bem.
— Vai me pagar a minha tv, novinha.— Bufei, ele tava sonhando.
— Bota na conta— Resmunguei indo pro sofá da sala
— Que mané conta?!
— Na sua, você só faz merda mesmo.— Não consigo chegar a sala, sua mão envolve meu braço e sou puxada pra trás, tento me afastar quando quase trombo no seu peito.
— A novinha não sabe com quem tá lidando. — Sua voz era calma, mas com a intensidade dos olhos chego a pensar realmente em calar a boca. — Tá brincando com fogo
— Não adiantou o banho que te dei?— Eu não conseguia manter a boca fechada. Ele rir
— Não sei, quer fazer o teste também?— Ele toma meu prato da mão sei que eu consiga impedir
— Qual foi?!— Grito tentando pegar o prato.
Ele se afasta, leva pra cozinha e eu vou atrás. Tinha uma coisa que eu não curtia em brincadeiras, comida. Não se brinca com comida, ela foi feita pra minha barriga e não pra ficar dando sopa por ai. Tento alcançar o prato, ele me impede.
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O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)
Ficción GeneralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...