♚ I - 26 ♛

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PV: Paulo

Consigo dormir três ou quatro horas antes de gritaria chegar aos meus ouvidos. Juro que tento ser bom, mas tem hora que nego precisa de um sacode. Vou saindo da cama quando Manú acorda e senta na cama assustada. Seus olhos procuram a fonte daquela gritaria.

—Fica de boa ai morena, vou resolver-la e depois eu volto. Tu precisa descansar.— Ela não faz o que mando, mas me observa pegar o fuzil.

Fuzil na mão, só de bermuda, começo a descer as escadas e a gritaria aumenta. Sogro é uma desgraça mesmo. Meus homens tentam conter o Caveira na porta enquanto o Conan ta no chão com mais de oito homens jogado em cima dele.

—Qual foi?! —Grito entrando na sala e me jogo no sofá. Tava com uma dor de cabeça do capeta

—Eu falei, zé buceta!— Caveira começa da porta tentando passar.— Se tu machucasse ela de novo tu morria, eu falei pra tu! Vou te matar, juro que te mato!

Aquilo só podia ser castigo. Custava Deus ter me mandado uma mulher menos complicada e com menos marmanjo querendo cantar de galo? Não! Tinha que me mandar dois filho da puta se entrometendo na minha vida.

—Ela ta bem. — Resmungo.— Foi vacilo meu, já resolvi esse bagulho ae.

—Não vou deixar mais ela na tua mão, seu merda! — Um dos meus homens voa e o maluco fica de joelho agarrando o pescoço de outro. Aquele cara não era normal não. — Ela vai sair daqui hoje, por bem ou por mau!

Em outra vida eu devo ter sido um policia bem cuzão, devo ter matado uns mil trombadinha e brincado com a cara dos trafica tudo, só assim pra nessa vida eu sofrer com aqueles dois. Custava tá morto, custava ter entrado no meio de uma bala e... acabado com os meus problemas?

—To cansado de vocês, na boa.— Levanto fazendo sinal pra liberarem o menos suicida.— Num vão levar ninguém daqui. —Caveira até tenta vim direto pra cima de mim

—Pai?! — A Manú faz ele parar. —Solta ele, solta agora!

Eu não preciso falar, assim que se afastam o ogro se levanta jogando mais dois contra a parede, a Manú desce as escadas com a mesma roupa branca que coloquei nela na noite anterior, eu me jogo no sofá de novo porque a falação ia começar. 

—Porque não me ligou!— Caveira chega primeiro nela, ela só consegue abrir a boca antes do outro tomar a frente e tentar puxa-la

—Tu vem com a gente!— Me levanto imediatamente e entro na frente fazendo ele largar ela de vez.

—Para de noia, rala daqui!— Ele me encara irado.— Ta vendo que ela ta de boa!

—"De boa"! — Ele tenta imitar minha voz. — E essa marca no pescoço dela?— Me volto pra ela enquanto ela tenta esconder as marcas dos dedos do Lipão. 

Estavam roxas agora, dava pra ver a onde ele tinha apertado com perfeição. Aquele puto ia morrer por ter feito isso, deixa só eu resolver essa história de não poder matar alguém da mesma facção. Passo a mão no cabelo e me volto pra ele, eu não ia vacilar de novo assim.

—Isso foi culpa minha. — Manú entra na minha frente. — Não deveria ter afrontado o PL na frente das pessoas.

—Quem foi que fez essa porra?! — Conan a puxa tentando ver as marcas melhor. — Nós só soube que tu quase foi morta num baile e que saiu de lá sendo carregada, que merda aconteceu, Manuella?

—Vocês invadem minha casa tentando me matar e nem sabe dos bagulho todo?!— Grito

Uma barulheira no portão sinaliza a chegada de alguém, a casa para, fosse quem fosse não tinha sido chamado pra aquela reunião. Caveira se aproxima da porta enquanto meus homens se espalham pela sala e Conan se afasta pra ficar de frente pra entrada. Antes que o Caveira chegue na porta Lipão surge. Eu travo no mesmo momento.

O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora