PV: Manuella
15 dias depois (22° Semana)
Quando voltei ao obstetra depois de todo o repouso, ele me recomendou caminhadas. Explicou que tudo ia bem com ela e que agora, na 22° semana, a placenta estava completamente fixa em meu útero. Ela estava tecnicamente segura.
Ainda permaneci na casa dos meus tios, as caminhadas pelo meu bairro foram tranquilas por duas semanas. 6 Homens me acompanhavam, 4 seguranças normais e 2 dos homens do PL. Dizia ele que os seguranças perguntava primeiro e atiravam depois caso algo acontecesse. Já o dele atiraria primeiro.
E foi o que realmente aconteceu. Há dois dias atrás sofri uma tentativa de sequestro. Tentaram me pegar enquanto caminhava, mas os dois que PL insistiu em por ao meu lado, impediram qualquer coisa que pudesse ter acontecido. O que fiz? Respirei fundo, não podia me apavorar. Apesar de ta jogada no chão, atrás de um carro, com bala comendo quase rapando na minha cabeça, precisava respirar fundo e manter a calma.
Depois disso, PL e meu pai quase se mataram. Gritavam um da irresponsabilidade do outro. Acabei voltando pra Rocinha e aqui as coisas permanecem calmas. A onde passo alguém me cumprimenta, me pergunta como estou e como anda a minha valentina. Há, a minha Valentina está ótima, forte e no lugar.
Um mês depois (26° Semana)
Estou com mais barriga, não sei se por conta dela, que cresce a cada dia, ou por causa da quantidade de comida que me fizeram colocar pra dentro durante todo esse tempo parada. Aqui não ta sendo diferente.
Entre a casa do PL e a praça, que é meu destino final, acabo sendo convencida a sentar para um lanche, assim minha filha não resiste. Entro em 2 ou 3 casas todos os dias para comer um pedaço de bolo, um salgado, um suco de maracujá. Sorvetes eu nem digo que estou cheia, já entro na casa sem cerimonias.
É engraçado o amor dessas pessoas por nós, sei que é difícil conviver com o PL ou com qualquer outro que comande algum trafico próximo a sua casa, ninguém quer um filho que faça parte disso, ou que cresça tão perto. Mas na realidade deles, Paulo acaba sendo a melhor opção. Adoro quando a gente sobe pra casa e as pessoas nos olha com admiração ou como se fossemos da família.
A minha barriga é mais mimada que tudo. Acabo voltando pra casa sempre com algum mimo, um sapatinho fofo, uma roupinha feita de crochê por eles mesmo ou apenas algumas palavras carinhosas de um deles. Que confesso acabam me fazendo chorar. Eles são a minha família agora, uma família imensa.
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Acabei de sair de casa, corrida de um prato de salada. Assim que saio, algumas casas abaixo, Ritinha me espera na porta de sua casa, corre ao meu encontro quando me ver. Fofocamos enquanto como uma fatia de bolo de fubá com coco e goiabada, simplesmente delicioso. Saio de lá já cheia.
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O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)
Ficción GeneralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...