♚ I - 21 ♛

18K 1.4K 79
                                    

PV: Paulo (PL)

Deixo o Galego no comando e de olho no PH. Desço com doze homens, três carros blindados armado até os dentes. São duas da madruga, e a coisa mais fácil de invadir é o complexo da Maré. Principalmente quando o R2 tem rabo preso e vivi na entoca.

Por conta da UPP corrupta no topo do morro, os traficante fica na moita e a polícia pode ser comprada na facilidade. Alguns telefonemas e eu to dentro. R2 foi meu parceiro até achar que eu tava de trairagem pro lado dele e então se mantem distante. Sem papo.

Ele tava na paranoia que a mulher o traia comigo e fez uma guerra com isso. Consegui provar que não tinha nada a ver com a fiel dele, mas ela acabou morta da pior forma. Nua, sem pernas e amarrada na frente de um carro.

Ele passeou com a mulher mostrando o que ele faria se alguma outra o traísse novamente. Depois de mostrar pra toda a favela, enfiou ela numa estaca e tacou fogo. Todos os aliados foram obrigados a assistir.

Ainda consigo escutar seus gritos se me esforçar um pouco. Saí vazado de lá quando a garota começou a gritar. O R2 levou aquilo como se eu tivesse algum sentimento por ela. Tô falando, o cara é paranoico.

Quase uma hora depois chego no barraco do filho da puta. Meus homens dão a volta no beco afim de ver alguma movimentação estranha e eu espero dentro do carro, só saio quando um deles dar carta branca.

—Tudo certo patrão. — Ouço no rádio

—Falou.— Respondo.—Vou entrar, fica esperto.

Entro na casa as escuras com arma em punho, a porta da frente é fraca e uma sacudida ela arrebenta. Damos geral na parte de baixo e não tem ninguém, subo as escadas e vejo o filho da puta no primeiro quarto dormindo com o lençol acumulados nos pés da cama, meus homens aparecem nas minhas costas.

—Tem mais alguém na casa? — Falo baixo

—Nem alma

Confirmo com a cabeça e vou na direção da cozinha. Pego uma panela com água e ligo o fogão. Tento fazer o mínimo de barulho possível, os moleque ficaram no quarto em silêncio caso ele acorde. A água esquenta o suficiente para queimar e eu desligo e subo com a penela cheia. Isso vai ser divertido. Não me contenho e entro no quarto já sorrindo.

—Afasta — Eles sorriem enquanto toma distância. 

Vou até a cama e jogo toda a água de uma vez, ele nem tem tempo de abrir os olhos, ouço seus gritos preencherem o quarto assim que a água toca seu corpo. Os gritos se misturam com as gargalhadas e vaias dos meus homens. Isso é realmente divertido.

O cara tenta se levantar e correr para o banheiro mais é jogado de volta na cama por um dos meus. Fico rindo enquanto o maluco se debate e grita. Meus homens ainda riem e segura ele contra a cama. Ele tenta chutar, mas é jogado de vez na cama. Eu começo a rir.

—Oh desgraça, vai pra onde? —  Ele para e me encara, parece notar agora tudo a sua volta, arregala os olhos enquanto olha a quantidade de pessoas dentro do quarto.

—Ta de caô, mano? —  Ele fala tentando não tocar seu corpo. —  Isso queima, caralho

—Satisfação, sou o PL. — Vejo ele tremer ao me escutar. — Já ouviu falar de mim, né? Deve ter ouvido também o quanto sou criativo nas mortes, não sou o Picasso do Vidigal, mas aprendi muito com meu parceiro.

—Fiz nada com a Rocinha não, mermão.—  Ele começa. —Já sei quem é tu, tá ligado?

—Mas seu "irmão" parece não ter tido problema com minha fama.

—Meu irmão? O que pé de lã tem haver com isso.— Sorriu, não precisa ser filho. Irmão de peixe, peixinho é.

—Tentou dá uma de esperto pro meu lado, que pena que acabou com um buraco na cara.

O Dono do Morro (Livro 1 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora