• Karol Caniff
Ao sair da cafeteira, eu fui correndo para a minha casa. Na verdade a casa era do Taylor, mas não fazia diferença. Nós fomos e não fomos criados juntos, ele cresceu com os avós e eu fui criada pela minha mãe. Somos filhos de mães diferentes, mas temos o mesmo pai. Só que morávamos na mesma cidade, então éramos como carne e unha, mesmo que no começo não gostássemos um do outro, hoje em dia somos melhores amigos.
Ao chegar em casa a primeira coisa que eu fiz foi arrancar todas as minha roupas e me enfiar debaixo da água quente do meu chuveiro. Eu precisava daquilo para me relaxar e tirar os pensamentos importunos que rondavam a minha mente. Eu precisava me acalmar. Devo ter ficado debaixo do chuveiro por mais ou menos uma hora, perdi a conta, só percebi que estava tempo demais lá quando a minha pele começou à ficar enrugada.
Sai do banheiro e vesti um pijama estampando com bichinhos e me joguei na cama. Fiquei olhando para o teto como se aquilo fosse algo interessante, nada se passava na minha mente, absolutamente nada mesmo. Só que isso se transformou em tudo no instante que me sentei na cama e olhei para o pijama que eu vestia. Observei a sua estampa e notei que aqueles bichinhos eram ursinhos, o que instantemente me fez pensar no Aaron.
Aaron... Eu não entendia muito bem o que sentia por ele. Na minha mete isso não se passava de uma pura atração, uma atração forte ainda por cima. Mas não chegava à ser amor. E também não acreditava que ele sentia amor por mim. Nós nos conhecíamos há anos por causa do Taylor, mas iria fazer quase onze meses que nós nos encontramos casualmente. No começo as coisas não passavam de sexo, e ele pode muito bem ter levado o lado sexual para o sentimental. O que era um completo erro. Eu não era uma pessoa de se envolver, eu não namorava, eu curtia. Vivia me festas, bebia até não conseguir andar mais e precisar ser carregada para casa. Eu era e sou assim, a cópia feminina de Taylor Caniff.
Por mais que o Aaron fosse um bom-partido, bem sucedido profissionalmente, fisicamente bonito, de caráter invejável, tinha todos os atributos perfeitos para ser um bom namorado. Mas por que eu não conseguia sentir firmeza em um relação com ele?
Medo da dor. Eu não tinha a intenção de ser tão tensa assim. Mas meu coração foi ferido algumas vezes por alguns garotos que não me trataram direito. E eu estava cansada de amores falsos. Eu e o Aaron temos a mesma idade, sou alguns meses mais velha que ele, e eu tive muitas experiências amorosas desastrosas antes de ficar com ele. E antes disso que decidi que não me envolveria emocionalmente com mais ninguém, evitaria à todo custo me envolver com ele. Por que te tanto ser magoada no passado, eu comecei à magoar sem dó.
Se eu apaixonasse pelo Aaron, correria o risco de ser ferida por ele. Minhas defesas desabam para permitir que o outra me conheça, e eu, portanto, ficaria exposta ao sofrimento. Além disso, todos os julgamentos negativos que tenho sobre mim mesmo começariam a emergir. Apesar de sempre ouvir continuamente que devemos amar a quem nos ama da mesma maneira, a experiência me ensinou que o amor não é necessariamente equitativo. Que talvez eu não conseguiria corresponder ao que sentisse por mim, ou vice-versa, já que eu não acredito muito se o que ele sente por mim é amor, até então ele nunca disse que me amava.
— Karol! — Taylor gritou abrindo a porta do meu quarto de abrupto. — Que cara é essa, cobrinha?
Ele se sentou na beirada da minha cama e me encarou esperando uma resposta. O problema de ser tão apegada ao Taylor era que nós sempre sabíamos de alguma forma o que o outro sentia, isso poderia parecer estranha, mas nossa conexão era incrível. Nós não temos ciúmes, competição, rivalidade ou inveja um do outro. Nós sempre nos apoiamos, mesmo que um de nós estejamos errados. Taylor era o meu melhor amigo, meu companheiro nas brincadeiras e na vida.
— Você se lembra do que aconteceu comigo no segundo ano? — perguntei encarando seus olhos.
— Sim. É claro que eu lembro. — respondeu, e eu percebi a mudança em sua feição. — Isso tem haver com o que houve entre você e o Aaron?
— Você sabe que nunca existiu eu e Aaron. Mas sim, tem haver. — suspirei.
— Eu não vou me intrometer na sua vida e dizer que o que você fez com ele foi errado. Não sou ninguém pra te julgar. Você sabe o que você faz, Karol. Você é a única pessoa que conhece os seus sentimentos. — ele disse calmo. Sério? Taylor não iria me julgar e nem fazer nenhum comentário? Ele não era o meu irmão, alguém fez alguma coisa com ele.
— Obrigada. — agradeci mesmo não sabendo muito bem o porquê de eu estar agradecendo.
— Eu tenho que ir. Vou me encontrar com a Lexi daqui à pouco. — disse dando um tapinha na minha perna e se levantando da cama com um sorrisinho malicioso naquela cara de idiota.
— Achei que ela tinha dito que não queria mais nada com você. — o olhei confusa.
— São poucos que tem a dádiva de estar comigo, e quem tem não quer me deixar ir nunca. — disse dando uma piscadela.
— Babaca. — revirei os olhos para ele.
— Garanto que você é muito mais babaca que eu.
— Sai fora! — ralhei jogando o meu travesseiro nele.
— Eu te amo. — disse saindo do quarto.
— É claro que me ama. Eu também me apaixonaria por mim. Já viu o tanto que eu sou incrível? — gritei para que ele pudesse escutar do corredor.
— Eu te amo de outra forma, sua babaca. Afinal, eu não curto incesto. — ele enfiou a metade do corpo para dentro do meu quarto, apenas para me dizer aquilo.
— Como eu disse antes, babaca. — revirei os olhos e mostrei a língua para ele.
— Você é muito mais. Pode ter certeza absoluta disso.
Com isso ele saiu me deixando sozinha dentro do meu quarto. Eu fiquei divando por alguns minutos antes de puxar a primeira gaveta do meu criado-mudo e tirar uma pequena caixinha de lá.
Dentro dela havia milhares de fotos do Aaron. E eu comecei a pensar comigo mesmo. Se o que eu sentia por ele não era amor, por que que olhar para aquelas fotos, aquele rosto, aqueles olhos, aquele sorriso, fez o meu coração se apertar dentro da minha caixa torácica?
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Broken || Magcon
FanfictionGarotas e garotos, de alguma forma a maioria deles estavam quebrados por dentro.