• Fifty Three

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Partes em itálico são lembranças da personagem.

• Karol Caniff

O clima entre eu e Aaron não havia ficado nada leve à medida em que subimos as escadas. Eu estava odiando o Blake por me obrigar à fazer aquilo, e o simples fato do Aaron não ter dito nenhum palavra para mim, não estava ajudando muito não.

Assim que eu entrei dentro do quarto, ele entrou atrás e bateu a porta, ainda sem abrir a boca.

Para ser bem sincera, eu preferia um milhão de vezes que o Aaron dissesse que me odeia, brigasse comigo, me xingasse, jogasse umas verdades na minha cara, mas que não me tratasse com tanta indiferença assim.

Eu realmente queria que ele gritasse com todas as forças que me odiava, pois o amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas sim a indiferença.

Quando o ódio existe, há e demanda energia de quem o nutre dentro de si. O ódio pode ser fruto de um amor traído, malcuidado e maltratado, e só se faz presente quando há uma carga traumática. O ódio é a resposta ao desgosto e à decepção.

Já a indiferença é quando não há espaço para qual tipo de sentimento ou interesse. Não desejar bem ou mal à pessoa, não se interessar pela vida do outro e tampouco se importar com sua existência. Odiar demanda tempo, argumento e repertório. Indiferença não precisa de nada.

Enquanto o ódio esconde mágoas, a indiferença não tem nada a esconder. É um sentimento franco, explícito e assassino. Em tempos de redes sociais e excesso de exposição em troca de "likes", saber que alguém simplesmente ignora sua existência faz a lona de seu circo pegar fogo, acabando com seu show. E a sensação de ser desprezado por alguém que você gosta é algo que não desejo nem ao pior inimigo, pois eu estou sentindo isso na minha própria pele.

E ao vê-lo ali, do outro lado do quarto, tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão distante, eu podia sentir que o que ele sentia por mim era apenas uma indiferença. Parecia que não existia mais espaço para o amor, espaço para nada além daquilo.

E vamos ter de concordar que tudo o que aconteceu era minha culpa. Não adianta eu continuar negando para mim mesmo que isso era o melhor para nós, pois é uma grande mentira. Eu queria que ele se afastasse de mim pois eu sabia o quanto eu era tóxica, mas isso só acabou ferindo a mim mesmo.

Por um longo tempo, eu não acreditava que os sentimentos dele era real, não acreditava mesmo não. Na minha mente tudo o que o Aaron queria era me levar para a cama, assim como todos os outros que passaram por minha vida antes dele. E quando eu comecei à enxergar as coisas de outra maneira, quando ele começou à fazer muita falta na minha vida, parece que meu cérebro se despertou e conseguiu ver que ele me amava, ele realmente me amava, mas eu percebi isso tarde demais.

Nós dois vivíamos uma coisa especial, e eu deixei isso rolar ladeira abaixo, tudo por culpa de um medo bobo que me assombrava desde o segundo ano do ensino médio.

Eu queria um relacionamento de verdade. Eu sempre quis um relacionamento de verdade. Eu queria as brigas e as implicâncias de Harvey e Camila. Queria o fogo e a pervesão de Taylor e Lexi. Queria as loucuras de Grace e Nate. Queria os ciúmes bobos de Blake e Kétsia. Queria o amor e a paixão de Blue e Johnson. E também queria a melação que o Carter tinha com a Katherine, pensando bem, eu não queria não, o resto sim mas essa melação não. Ninguém meresse esse casal!

E tudo isso eu queria com o Aaron. Pois eu já sabia, minha alma sabia, meu coração sabia, meu cérebro sabia, cada átomo do meu corpo sabia que eu o amava. Eu o amava com todas as forças existentes no meu corpo.

Broken || MagconOnde histórias criam vida. Descubra agora