• Thirty Six

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Shawn Mendes

Quando chegamos no mercado as coisas já começaram a dar errado. Por dois simples motivos.

O primeiro era que o Cameron não desgrudou de mim, ele entralaçou as nossas mãos e andou comigo pelo mercado como se fossemos um casal o tempo inteiro. O segundo era o Nash, que tinha pego um carrinho e colocado Matt dentro dele.

Agora eu entendo os motivos da Grace não querer vir conosco. Eu também não iria querer não.

Estavamos no corredor de frios, pegando alguns iogurtes e comidas congeladas. E cada pessoa que passava por nós, o Matt gritava "Hey" na maior altura, enquanto o Nash o empurrava no carrinho, rindo iguais dois imbecis.

— Amor, você pode pegar essa iogurte aqui, é que eu não alcanço. — perguntou Cameron, apontando para onde ele queria.

Eu suspirei fundo antes de esticar o braço e pegar o que ele queria, nesse mesmo instante o Nash passou gritando enquanto empurrava o Matt no carrinho.

— Ihaaaaaaa! — gritou Matt.

Ele achava que estava em cima de um touro, só pode. Eu coloquei o iogurto do Cameron no carrinho que eu tinha pego, onde já tinha mais algumas coisas. Suspirei fundo, tentando ignorar a vergonha que eu estava sentindo com aqueles meninos. Um estava agindo como se fosse a minha esposa e os outros nossos filhos. Jesus!

Eu tentei ignorar o máximo possível e fui para outro corredor do mercado, com Cameron sempre agarrado no meu braço.

Uma menina passou por nós e ficou me encarando, sem sombras de dúvidas deveria ser alguma fã, pelo jeito que me olhava.

— Para de olhar para o meu homem, sua safada. — disse Dallas, brigando com a garota, o que me fez querer virar uma avestruz, e enterrar a cara no chão.

— Para com isso, Cameron. — disse, em voz baixa, completamente envergonhado. — Talvez ela seja fã.

— Sim. Eu só queria uma foto. — disse a menina ruiva, constrangida e talvez até com medo dele.

— Fã do seu pau, só se for. — ralhou ele, me deixando com mais vergonha ainda

Imagina se essa menina espalha por ai que o Cameron estava dizendo que nós somos um casal em um mercado e agindo como tal? Algumas pessoas já acreditavam que éramos, imagina se alguém que tivesse aqui, filmasse isso ou contasse isso? Só Jesus na causa.

— Eu vou tirar um foto com você. — disse, sorrindo para a mesma, e desgrudei meu braço das mãos do Dallas. Abracei a garota e tirei uma foto com a mesma, que agradeceu envergonhada. — Não liga para ele não, ele está de tpm hoje. — brinquei.

A ruiva sorriu fraco e sumiu entre os corredores.

— O que te faz pensar que eu sou a mulher da relação? — perguntou ele, me olhando com um semblante bravo e com as mãos na cintura.

— Tantas coisas... — resmunguei me virando e empurrando o carrinho para sair dali.

Ele voltou a agarrar o meu braço enquanto eu empurrava o carrinho, íamos até a seção em que ficava os cereais. No caminho acabamos ouvindo um barulho, e olhamos na direção em que todas as pessoas olhavam, vendo que o Nash tinha empurrado o carrinho com o Matt em cima de uma pilha de sabão em pó, e Nash acabou perdendo o controle e caindo junto.

Sabem o que eu fiz? Dei meia volta, indo para outro corredor. Escolhi algumas frutas e legumes, para depois voltar na seção de cereais. Acabei escolhendo alguns tipos diferentes e colocando no carrinho. É, parecia que não faltava mais nada, o que finalmente iria fazer eu me livrar daquela loucura toda.

— Eu quero o Lucky Charms de algodão doce. — pediu Matt, com a voz birrenta. Jesus! Eles só podiam estar fazendo aquilo de propósito.

— Não tem de algodão doce. — ralhei, conferindo na partileira, realmente não tinha.

— Mas eu quero. — exigiu ele, cruzando os braços, fazendo um bico enorme, e batendo o pé no chão.

— Mas vai ficar querendo, porque não tem. — disse, eu já tava querendo chorar de raiva.

— Eu quero Lucky Charms de algodão doce. — exigiu mais uma vez.

E o que menos esperava que acontecesse, acabou acontecendo. Matt se jogou no chão, gritando e berrando que queria Lucky Charms de algodão doce, só faltou ele chorar. Um monte de gente que passava por ali, parou pra observar aquela cena. Eu abaixei a cabeça, colocando a mão no rosto, outra vez que queria ser um avestruz.

— Mamãe não gosta dessa atitude, levante-de do chão porque já estamos indo embora. — disse Cameron, pegando no braço do Matt e tirando ele do chão. — Jesus! Eu sou mesmo a mulher da relação.

O que eu estava fazendo com a minha vida? O que eu estava fazendo ali? Eu só queria ir embora e nunca mais sair na rua depois disso.

Depois disso nós fomos para o caixa, eu não tinha mais nem cara para ficar por ali. Matt ainda resmungava por causa do cereal, Nash pegava tudo o que via pela frente, enquanto Cameron estava agarrado em mim.

— Deu quinhentos e vinte três dólares, senhor. — disse a mocinha do caixa.

— Eu não vou pagar tudo sozinho não. Podem abrir a carteira de vocês aí. — apontei para eles, que resmungaram.

Eles não queriam me dar o dinheiro não, mas com muita relutância, eles acabaram cedendo. Eu não ia pagar nada sozinho não. A maioria daquelas coisas eram porcarias que o Nash e o Matt tinham pego. Sai fora.

— Você é solteira? — perguntou Matt à caixa, enquanto lhe entregava a sua parte.

— Sim... — respondeu a mocinha, que não deveria ter mais que vinte anos, com a voz baixa.

— Você se interessaria pelo meu amigo? — perguntou novamente, apontando para mim, o que me fez arregalar os olhos.

— Claro. — ela sorriu para mim.

— Você poderia passar seu número p... — Matt iria continuar se não tivesse sido interrompido.

— Pirou, Matt? — ralhou Dallas, dando um tapa no ombro do garoto. — Tentando empurrar meu homem para cima de outras. Perdeu a noção do perigo?

Ele brigava com o Espinosa, e parecia que estava falando sério, se quem não nos conhecesse visse aquilo, com certeza acreditaria. Eu vi como a mocinha do caixa ficou constrangida, e eu também fiquei. Não que eu quisesse sair com ela, pois não estava muito afim, apesar dela ser bonita. Mas precisava o Matt pedir o número dela? E o Cameron da uma de namorada ciumenta? Eles queriam que eu morresse mesmo.

Então, apenas revirei os olhos, querendo que alguém me matasse naquele instante, e como isso não aconteceria, eu peguei algumas sacolas e sai para fora do mercado.

Esperei eles virem atrás de mim, e eles vieram, fingindo que não tinha acontecido. Chamei um táxi, assim que entramos lá dentro o celular do Cameron fez um barulhinho de notificação.

— O Nate e o Gilinsky estão no aeroporto. Querem o endereço das meninas. — disse Dallas, com a visão focada na tela do celular.

— O Nate não estava em Portugal com aqueles falsos? — perguntou Matt, ele ainda estava chateado por ninguém ter convidado ele para a viagem.

— Parece que ele veio embora mais cedo e acabou vindo com o Gilinsky para cá. — respondeu Cameron. — É melhor desviar o caminho e passar em uma pizzaria antes.

— Pra quê? — perguntei, erguendo a sobrancelha.

— Porque é a única coisa que vai acalmar a Grace quando ela souber que ele está aqui.

Revirei os olhos e pedi par ao motorista desviar o caminho. Sem Grace estressada, já bastava a Karol. Não aguentaria outra mulher falando na minha cabeça. Só a Karol já estava passando de todos os limites, até para mim.

Broken || MagconOnde histórias criam vida. Descubra agora