capítulo 11

1.4K 98 1
                                    

Entretanto, as coisas ainda podiam ser piores, Dulce concluiu indo aquecer-se junto à lareira. Sir Christopher tinha ambição, outra qualidade que desejara encontrar num homem. Se não fosse ambicioso, não teria aceitado unir-se aos Sanviñon, cujos maiores bens não eram a riqueza ou o poder, mas um nome secular. Ela era ambiciosa também, ou pelo menos ansiosa para melhorar a própria sorte.

E, talvez mais do que qualquer outra mulher, Dulce sabia-se capaz de apreciar o autocontrole do futuro marido. Apesar da raiva, Uckerman não lhe encostara um dedo. Seu pai a teria açoitado por uma afronta muito menor. Mas, de qualquer forma, seu pai costumava espancá-la sem motivo algum.

A reação do noivo fora mesmo misteriosa. Estava claro que o irritara quando o enfrentara no salão, porém ele compreendera os motivos que a tinham levado a agir daquela maneira, como era esperado de uma mulher da sua posição. Fora a primeira vez que alguém vislumbrara um pedaço da sua alma.

O tom de voz inesperado de sir Christopher, ao perguntar quem lhe marcara as costas, também a surpreendera. Ele parecera zangado, embora fosse um tipo diferente de raiva, como se quisesse punir a pessoa responsável.

Ou seria pena? Não, não queria piedade de ninguém. Queria apenas encontrar o seu lugar no mundo. E ser respeitada.
Dulce sentou-se na cama e passou a mão de leve sobre os lençóis, reparando no mobiliário simples mas de extremo bom gosto. De repente um cansaço enorme tomou conta de cada fibra de seu ser. Apagando as velas, preparou-se para dormir.

Foi então que ouviu o som de risadas femininas e de uma voz de homem, vindos do corredor. A voz de sir Christopher, pensou. Curiosa e, acostumada que estava a escutar atrás das portas para evitar possíveis problemas, levantou-se da cama, entreabrindo a porta do quarto com cuidado. O corredor permanecia às escuras, exceto pela tocha que brilhava junto à escada em espiral.

Duas figuras estavam paradas, uma diante da outra. A mulher, com as costas apoiadas na parede e o homem, obviamente sir Christopher, fitando-a. De repente a mulher riu baixinho e tocou os braços musculosos do seu acompanhante.

— Pensei que você estivesse pretendendo ficar sem... — Anahí sussurrou, sensual.

Dulce fechou a porta devagar e voltou para a cama, um gosto amargo na boca.

Christopher afastou as mãos femininas com firmeza.

— Não. Está tudo terminado entre nós. Atônita, a criada não soube o que dizer, uma expressão de pânico no olhar.

Ao sair dos aposentos da noiva, Uckerman imaginara que Anahí o estivesse esperando, ansiosa para saber como ficaria a situação entre ambos diante da aproximidade do casamento. Porém, não tinha nenhuma intenção de punir a mulher que tentara agradá-lo de todas as formas, mandando-a para longe do castelo e da aldeia.

— Não precisa ter medo. Você pode continuar trabalhando no castelo.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora