capítulo 63

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— Infelizmente, ainda não. Por que você não me perguntou sobre o que Tomáz e eu estávamos conversando no jardim?

— O poderoso sir Christopher de Uckerman admitir que sua esposa poderia preferir outro homem? Como pode me perguntar uma coisa dessas? — Ele piscou, tornando a beijá-la.

— Assim como o arrogante sir Christopher, eu também não tinha coragem de admitir que estava apaixonada e louca de ciúmes.

— Você disfarçou os seus sentimentos muito bem.

— Sentia-me insegura. Ela é tão bonita...

— Belinda é uma criatura pouco inteligente, fútil e vaidosa. E não tem nem a metade da sua beleza.

— Agora não tenho dúvidas de que você está apaixonado. Considerar-me mais bonita do que lady Belinda! Os menestréis vão nos odiar por estarmos lançando uma nova moda de casamentos entre nobres. Imagine, marido e mulher apaixonados um pelo outro!

— Seguros do quanto nos amamos, eu gostaria de recomeçar nosso casamento. Sem medos ou ciúmes.

— Sim, meu amor!

Tomando a esposa nos braços, Christopher beijou-a longamente antes de depositá-la sobre a cama.

Algum tempo depois, Anahí, acompanhada de Hilda, bateu de mansinho na porta do quarto.

— Minha lady?

Como não obtivesse resposta, virou-se, preocupada, para Hilda.

— O que será que ela está fazendo aí dentro, bem no meio da manhã?

— Será que está doente?

— O que foi? — Dulce perguntou, a voz estranhamente abafada.

— Ela não me parece muito bem — Hilda insistiu.

— Viemos arrumar seu quarto — Anahí falou.

— Voltem mais tarde — uma outra voz gritou. As criadas olharam uma para a outra, atônitas. Não poderia haver engano quanto àquela voz profunda. Sem que pudessem evitar, começaram a rir baixinho.

— Vão embora! — Sir Christopher berrou.

— Espere só até Alfonso ouvir isso. — O entusiasmo de Anahí era contagiante. — Ele tem andado tão preocupado!


Christopher acordou e, apoiando-se num cotovelo, contemplou a esposa nua e adormecida ao seu lado. Como pudera, ainda que por um breve instante, considerá-la pouco atraente? Ela era vibrante, com aqueles seus olhos verde-azulados, capazes de expressar tanto amor e felicidade. Nos últimos trinta dias, só conseguira pensar na sua boa sorte. Os céus lhe haviam mandado uma esposa maravilhosa, que transformara seu castelo num lar e que, na noite anterior, lhe comunicara notícias maravilhosas. Ele ia ser pai.

— Christopher? — Dulce murmurou, sonolenta, puxando os lençóis para cobrir-se.

— Você estava esperando outra pessoa? — Ele sorriu, sedutor e arrancou os lençóis, expondo a pele acetinada.

— Não acho que essa seja uma brincadeira de bom gosto, querido.

— Estou feliz demais para me importar com outros gostos que não sejam os da sua boca. — Christopher beijou-a com ardor, deliciando-se ao vê-la corresponder com igual ímpeto. — Hum... você não tem vergonha, minha lady. Considerando o seu estado.

— Meu estado é culpa sua. Tenho certeza de que nosso filho será a criança mais teimosa que jamais veio ao mundo.

— Então precisará de uma mão firme para guiá-lo. Sei que você saberá educá-lo com energia.

— Eu nunca bateria numa criança.

— Eu sei, meu amor. Não foi isso o que quis dizer. Que Deus tenha piedade de nosso filho, se algum dia ele tentar persuadi-la a mudar de idéia.

— O mesmo princípio se aplica a você. Mas talvez seja uma menina.

— Se ela herdar a força de vontade da mãe, que Deus tenha piedade do pobre-coitado com quem nossa filha decidir se casar.

— É uma pena que Tomáz não tenha tido filhos — Dulce falou de repente.

— E que ainda continue apaixonado por Pilar. Ele não é velho e poderia construir uma família.

 

— Esta é a sua vaidade masculina falando, Christopher. Uma moça costuma querer um homem jovem. Além do mais, o coração de Tomáz já tem dona.

— Você ainda não fez progressos na sua busca?

— Não, não desde que aquele mercador de lã disse haver visto Pilar e o filho, no ano passado.

— Não vamos perder a esperança. Afinal, eu, por exemplo, nunca acreditei que existisse alguma coisa como o amor, até que você entrou na minha vida. Portanto, milagres podem acontecer.

— Sim, podem — Dulce murmurou, roçando a pele no corpo nu do marido.

— Querida, você é insaciável.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora