— Ficarei feliz em... — sir Tomáz começou a se oferecer, mas foi cortado no meio da frase por Uckerman.
— Vou precisar de você.
— Obrigada pelo interesse, sir Tomáz. — Dulce sorriu e molhou os dedos numa tigela de água perfumada. Depois de secá-los delicadamente num guardanapo, levantou-se. — Estarei muito bem sozinha. Desejo-lhes um bom dia, cavalheiros, e esperarei ansiosa a companhia agradável de vocês durante o jantar, quando terei voltado de meu passeio.
— Não vou providenciar um acompanhante — Christopher repetiu.
— Eu entendi da primeira vez, sir. — Embora Alfonso balançasse a cabeça de um lado para o outro, desesperado, Dulce preferiu ignorar o pedido silencioso do meio-irmão para se submeter à vontade do noivo.
Uckerman lançou um olhar na direção de Alfonso, que corou até a raiz dos cabelos.— Dulce, talvez fosse melhor se você permanecesse aqui hoje. A jornada foi longa e difícil. Descansar lhe faria bem.
— Quanta delicadeza de sua parte importar-se com o meu bem-estar, querido irmão. Especialmente porque se trata de uma atitude rara. Mais uma vez, desejo-lhes Um bom dia. — Ela fez uma mesura exagerada e preparou-se para se retirar.
Entretanto Christopher estava longe de se deixar intimidar. Vira muito bem o sorriso de pura teimosia estampado no rosto delicado e a determinação brilhando nos olhos verdes.
Oh, sim, era fácil reconhecer aquela expressão. Os melhores cavaleiros costumavam ostentá-la quando decididos a vencer a qualquer custo. Firmeza inflexível era uma qualidade admirável num nobre... mas, certamente, não numa mulher. Existia apenas um tipo de desejo que queria numa mulher.
Então Dulce Sanviñon saiu do salão sem olhar para trás. Pelo sangue de Cristo, ela era diferente de todas as mulheres que conhecera. Graças a Deus.
Alfonso clareou a garganta e murmurou:— Pronto, você está vendo, meu lorde. Minha irmã pode ser razoável.
— Ótimo — Uckerman respondeu, convencido de que Dulce não tinha nenhuma intenção de obedecê-lo ou a Alfonso. Aquele sorriso, aquele pequeno sorriso tá cheio de superioridade... O homem que o treinara nas artes da guerra sempre sorrira assim quando esperava ver Christopher fracassar. E o sorriso se provava profético.
Passara a detestar o sorrisinho de Fitzroy.
— Se me der licença, meu lorde. Não tenho muito apetite esta manhã. — Alfonso levantou-se e caminhou na direção do pátio interno.
— Se ele come dessa maneira quando está sem apetite, não sobrará nada na minha despensa — Christopher comentou, sarcástico.
Tomáz remexeu-se na cadeira.
— Sua noiva tem personalidade, meu lorde. Um tipo muito estimulante, o que sugere uma natureza ardente também.
Uckerman olhou para o amigo sem esconder surpresa.
— O que é isso, Tomáz? Há anos não o ouço elogia uma mulher.
— E você parece estar se esforçando ao máximo par ser desagradável.
— Sou o que sou. Se ela vai ser minha esposa, acho bom acostumar-se aos meus modos.
— Já o vi agir de maneira muito mais agradável em relação a outras mulheres. Pensei que fosse se esforçar para parecer gentil aos olhos de sua noiva.
— É justamente por se tratar de minha noiva, que não sinto necessidade de me esforçar para coisa alguma. Ela estará na minha cama na noite de núpcias quer queira, quer não. E quer eu a deseje ou não, vou cumprir meu dever de marido.
— Você é uma criatura sem coração — Tomáz exclamou, desencantado.
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Esposa Rebelde - Vondy
Roman d'amourA paixão incendiou aquele casamento de conveniência! Inglaterra Idade Média Arrogante o orgulhoso, sir Christopher de Uckerman exigia de sua esposa obediência absoluta. Mas a rebelde lady Dulce Sanviñon desafiou a autoridade de Christopher desde a...