capítulo 32

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— E seria capaz de passar o dia inteiro lá, se eu deixasse. Creio que uma caçada será ótimo. Quero também observar os progressos do treinamento do novo falcão. Vá chamar o falcoeiro.

— Você tem certeza de que está em condições de cavalgar e caçar? Sua aparência é de quem está doente e precisa de repouso.

— Obrigado pelo cumprimento — Uckerman respondeu irônico, apesar da preocupação sincera estampada no rosto do amigo. — A propósito, onde está o barão? Ainda não o vi.

— Creio que no pátio interno, aguardando que lhe tragam o cavalo. Léon pretende partir ainda pela manhã.

— Certo. Por favor, vá atrás de Giovane e Gastão. Diga a Giovane que sinto pela morte do cão, mas que ainda assim quero ir caçar. Veja se Gastão prefere levar o falcão macho e ordene os preparativos necessários para que possamos sair daqui o mais breve possível. Tomáz não obedeceu às ordens de imediato. Ficou parado no mesmo lugar, ajustando a túnica desajeitadamente, procurando encontrar as palavras certas.

— O que foi agora?

— Você não vai à missa?

— Não. Minha cabeça acabaria explodindo dentro daquela capela abafada. Preciso de ar puro.

— E quanto a lady de Uckerman?

Lady de Uckerman. Christopher teve vontade de dizer que não tinha a mínima idéia do que fazer quanto a lady de Uckerman, mas respondeu apenas:

— Ela ainda está deitada. Imagino que possa descobrir dezenas de atividades para se entreter na minha ausência. Não sou o tipo que gosta de viver agarrado à saia da mulher. — Convencido de que possuía uma reputação a zelar, ele piscou malicioso. — Isto é, se lady de Uckerman conseguir levantar-se.
Aliviado e certo de que tudo estava correndo normalmente, Tomáz afastou-se à procura do caçador e do falcoeiro. Sorrindo, Christopher foi ao encontro do barão que, de fato, estava no pátio interno, andando impa¬ciente de um lado para o outro e perscrutando o céu, carregado de nuvens escuras.
Apesar do que Dulce Saviñon, não, Dulce de Uckerman pensava, o barão era um homem digno de ser respeitado e obedecido. Jurara lealdade a Léon e nada o faria voltar atrás, pois sua palavra era uma só. Se o barão o tratava com deferência, era também porque merecera ser distinguido e, se ele desejava dormir com Anahí, era um privilégio que possuía. Ninguém tinha autoridade para contestá-lo.
Claro que Dulce tivera razão ao afirmar que o castelo Uckerman não era um bordel, porém não cabia a ela censurar ou reprovar as atitudes de Léon.
Era ele quem devia ter feito isto, quem devia ter defendido a honra de seu lar.
— Christopher! Que bom vê-lo antes de ir embora! Pensei que ainda estivesse na cama.

 

— Você mal acabou de chegar e já tem que partir. É uma pena. Talvez quando terminar de resolver seus negócios em Londres, possa voltar e ficar mais uns dias conosco.

— Talvez... Isto é, se sua esposa me der permissão para colocar os pés aqui dentro outra vez.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora