— A égua é sua — Christopher anunciou.
Atônita, Dulce não sabia o que dizer. Aliás, sentia-se confusa desde que reencontrara o marido no jardim. Lentamente fitou Uckermann, tentando decifrar o que se passava naqueles olhos escuros.
— Minha?
Como nada pudesse perceber nos olhos do marido, virou-se para Tomáz, em busca de confirmação. Ele acenou com a cabeça e entregou-lhe as rédeas.
— Por quê? — Dulce indagou, voltando-se para Christopher.
— Porque você precisa de um cavalo mais novo.
Aquele animal no qual chegou aqui serve apenas para o pasto, pois está muito velho.
Dulce abraçou o pescoço da égua, sentindo-se à beira das lágrimas. O que era ridículo, considerando a natureza prática das palavras do marido.— É um lindo animal — ela murmurou, esforçando-se para manter as emoções sob controle.
— Então você gostou do presente?
— Claro que sim. Gostei muito.
Percebendo que sir Christopher de Uckermann corava como um menino ao receber um elogio, Dulce exultou. A reação do marido agradava-lhe tanto quanto o gesto de presenteá-la.
— Fico feliz que você esteja de volta. Christopher arregalou os olhos, pego de surpresa.
— Eu... eu preciso ir ver as sentinelas — ele falou sem jeito, afastando-se.
Observando a figura alta atravessar o pátio, Dulce esfregou o focinho da égua.
— Venha, garota, vamos para o estábulo. Ainda tenho que lhe dar um nome, não é?
A mente de Dulce, porém, estava voltada para o brilho diferente nos olhos de Christopher. Todo o resto perdera a importância.
Christopher suspirou de prazer, imergindo o corpo na banheira cheia de água quente. O castelo de sua outra propriedade ainda era um tanto primitivo e não oferecia grandes confortos, por isso, logo ao chegar, ele pedira a Pascual que lhe preparasse um banho.
Enquanto sentia a tensão abandonar-lhe os músculos, Christopher lembrava-se da visão de Dulce brincando com o filho de Anahí. De súbito, foi tomado por um desejo intenso de vê-la com o filho de ambos. Dulce seria uma mãe perfeita para seus filhos, tão corajosa e destemida quanto qualquer homem. Porém, extremamente feminina também, em sua sabedoria instintiva. Uma mãe capaz de ensinar suavidade e firmeza a um filho não fugiria em pânico ao vê-lo, mas se atiraria em seus braços, confiante.
Tomáz estivera certo quando sugerira um presente. Fora um tolo em não pensar nisso antes. Como Dulce ficara feliz! E quão bela, com seus cabelos soltos brilhando sob a luz do sol, o vestido verde simples realçando as curvas sinuosas do corpo. De fato, sentira-se tão afetado pela reação da esposa que inventara uma desculpa para se afastar, temendo dizer alguma coisa ridícula, alguma coisa que apenas um menestrel ou um homem como Tomáz seria capaz de dizer. Alguma coisa relacionada ao amor.
Era verdade que se importava com Dulce. Que a admirava e respeitava. Queria levá-la para a cama e amá-la apaixonadamente. Ela era digna de gerar os seus filhos. Seria isso amor? Não tinha a menor idéia. Uma batida repentina na porta interrompeu o curso de seus pensamentos.
— O que é? — ele gritou, imaginando tratar-se de Pascual.
— Posso entrar? — Dulce indagou, entreabrindo a porta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Esposa Rebelde - Vondy
RomanceA paixão incendiou aquele casamento de conveniência! Inglaterra Idade Média Arrogante o orgulhoso, sir Christopher de Uckerman exigia de sua esposa obediência absoluta. Mas a rebelde lady Dulce Sanviñon desafiou a autoridade de Christopher desde a...