capítulo 53

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Assombrada, Dulce fitou o irmão. Ele parecia outra pessoa, totalmente transformado. Poderia o amor ser assim tão poderoso, capaz de operar milagres na personalidade de alguém?

— Ouça, você quase não a conhece. Será que vale a pena arriscar-se, provocando o desagrado de um homem influente como o barão?

— Você também não conhecia Christopher antes de se casar.

— E você acha que meu casamento serve de exemplo?

— Sim, claro que sim — Alfonso respondeu depois de uma pausa.

— Não, com certeza não. Christopher mal fala comigo e dá mais atenção a Belinda do que a mim.

— Ele não gosta de Belinda. Está apenas sendo educado. 

— Eu gostaria que você estivesse certo.

— Tomáz é da mesma opinião. E nós podemos confiar na opinião dele, não é?

— Como é que você sabe a opinião de Tomáz? — Dulce sentiu as esperanças renascerem.

— Porque eu lhe perguntei. Eu... eu estava preocupado com você, pois tenho notado a maneira rude como Christopher a tem tratado. Felizmente Tomáz me explicou que quanto menos Christopher gosta de uma pessoa, de modo mais civilizado ele age. 
— Isso não faz sentido. Você está tentando me dizer que se Christopher for rude comigo, é porque gosta de mim?

— Sim, pois do contrário, ele se mostraria indiferente. 

Oh, Deus, pelo menos o marido não a odiava. Quem sabe ainda teria chances de conquistá-lo?

— Vou me casar com Anahí — Alfonso repetiu, uma expressão solene no rosto. — E nada do que você, Christopher ou o barão disserem, me fará mudar de idéia.

— E o que Anahí acha disso tudo? — Dulce indagou
com um sorriso.

— Eu a pedi em casamento, porém ela tem medo de que eu possa ser persuadido do contrário.

— E quanto a Marcelino?

— É um ótimo menino. Temos nos divertido muito juntos.

— Brincar com ele não acaba sujando roupas?

— Sim, mas não me importo. Tenho muitas. Aquela foi a confirmação final de que Dulce precisava quanto à sinceridade dos sentimentos do irmão. Se ele era capaz de colocar Anahí acima da vaidade, então a coisa era mesmo séria.

 

Por um instante ela se sentiu tentada a pedir que Alfonso lhe falasse sobre o amor. Talvez assim conseguisse entender o que lhe ia dentro da alma. Porém, ao ouvir a voz de sir Tomáz, vinda do pátio interno, teve uma idéia melhor. Iria procurá-lo com dois objetivos: primeiro, explicar os motivos que a tinham levado a agir como agira na noite de núpcias. Segundo, levá-lo a descrever o amor sem confessar sua humilhante ignorância no assunto.

— Desculpem-me interrompê-los — Dulce falou, aproximando-se de Tomáz e do menestrel que passeavam pelo pátio interno, entretidos numa conversa. — Eu gostaria de falar com você, sir Tomáz.

Fagundes, o menestrel, apressou-se a sorrir e despedir-se com um aceno.

— Já havíamos mesmo terminado de discutir a canção, minha lady. Desejo-lhes um bom dia.

— Devo confessar que me surpreende muito vê-lo passar tanto tempo na companhia de Fagundes — Dulce comentou enquanto os dois caminhavam na direção do jardim.

— Por quê, minha lady?

— Porque... por causa do que ele fez com você... com o seu passado... — Ela hesitou, sem saber como continuar.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora