Assombrada, Dulce fitou o irmão. Ele parecia outra pessoa, totalmente transformado. Poderia o amor ser assim tão poderoso, capaz de operar milagres na personalidade de alguém?
— Ouça, você quase não a conhece. Será que vale a pena arriscar-se, provocando o desagrado de um homem influente como o barão?
— Você também não conhecia Christopher antes de se casar.
— E você acha que meu casamento serve de exemplo?
— Sim, claro que sim — Alfonso respondeu depois de uma pausa.
— Não, com certeza não. Christopher mal fala comigo e dá mais atenção a Belinda do que a mim.
— Ele não gosta de Belinda. Está apenas sendo educado.
— Eu gostaria que você estivesse certo.
— Tomáz é da mesma opinião. E nós podemos confiar na opinião dele, não é?
— Como é que você sabe a opinião de Tomáz? — Dulce sentiu as esperanças renascerem.
— Porque eu lhe perguntei. Eu... eu estava preocupado com você, pois tenho notado a maneira rude como Christopher a tem tratado. Felizmente Tomáz me explicou que quanto menos Christopher gosta de uma pessoa, de modo mais civilizado ele age.
— Isso não faz sentido. Você está tentando me dizer que se Christopher for rude comigo, é porque gosta de mim?— Sim, pois do contrário, ele se mostraria indiferente.
Oh, Deus, pelo menos o marido não a odiava. Quem sabe ainda teria chances de conquistá-lo?
— Vou me casar com Anahí — Alfonso repetiu, uma expressão solene no rosto. — E nada do que você, Christopher ou o barão disserem, me fará mudar de idéia.
— E o que Anahí acha disso tudo? — Dulce indagou
com um sorriso.— Eu a pedi em casamento, porém ela tem medo de que eu possa ser persuadido do contrário.
— E quanto a Marcelino?
— É um ótimo menino. Temos nos divertido muito juntos.
— Brincar com ele não acaba sujando roupas?
— Sim, mas não me importo. Tenho muitas. Aquela foi a confirmação final de que Dulce precisava quanto à sinceridade dos sentimentos do irmão. Se ele era capaz de colocar Anahí acima da vaidade, então a coisa era mesmo séria.
Por um instante ela se sentiu tentada a pedir que Alfonso lhe falasse sobre o amor. Talvez assim conseguisse entender o que lhe ia dentro da alma. Porém, ao ouvir a voz de sir Tomáz, vinda do pátio interno, teve uma idéia melhor. Iria procurá-lo com dois objetivos: primeiro, explicar os motivos que a tinham levado a agir como agira na noite de núpcias. Segundo, levá-lo a descrever o amor sem confessar sua humilhante ignorância no assunto.
— Desculpem-me interrompê-los — Dulce falou, aproximando-se de Tomáz e do menestrel que passeavam pelo pátio interno, entretidos numa conversa. — Eu gostaria de falar com você, sir Tomáz.
Fagundes, o menestrel, apressou-se a sorrir e despedir-se com um aceno.
— Já havíamos mesmo terminado de discutir a canção, minha lady. Desejo-lhes um bom dia.
— Devo confessar que me surpreende muito vê-lo passar tanto tempo na companhia de Fagundes — Dulce comentou enquanto os dois caminhavam na direção do jardim.
— Por quê, minha lady?
— Porque... por causa do que ele fez com você... com o seu passado... — Ela hesitou, sem saber como continuar.
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Esposa Rebelde - Vondy
RomanceA paixão incendiou aquele casamento de conveniência! Inglaterra Idade Média Arrogante o orgulhoso, sir Christopher de Uckerman exigia de sua esposa obediência absoluta. Mas a rebelde lady Dulce Sanviñon desafiou a autoridade de Christopher desde a...