capítulo 31

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— Qual delas? — Dulce reagiu sarcástica.

— Estou me referindo à... à perda da sua virgindade.

Uckerman sentou-se, sentindo-se estranhamente desconfortável por ter que discutir o assunto.

— Não é a isso que estou me referindo. — Num gesto brusco, Dulce arregaçou as mangas e mostrou os hematomas arroxeados.

— Por Deus! — ele murmurou, realmente perplexo — Nunca machuquei uma mulher antes, em toda a minha vida.

— Talvez saber que, aos olhos da lei, sou sua esposa, tenha feito diferença no seu comportamento. — Dulce puxou as mangas para baixo. — Vou à missa logo cedo, para rezar por sua alma.

Num impulso, Uckerman levantou-se, expondo as manchas de sangue sobre a colcha de linho. O casamento devia ter sido consumado e, aparentemente, ele se mostrara um animal.

— Não quero suas orações. Estava apenas agindo como um marido deveria agir depois da maneira insolente como você tratou meu superior — ele mentiu na defensiva, apanhando as próprias roupas espalhadas pelo chão.

— Léon é um hóspede em minha casa e se você não se importa em vê-lo desrespeitar seu lar, eu me importo. Não estou assim tão cega pela admiração que não possa reconhecer a arrogância do barão.

— Se eu o admiro é porque ele merece, é digno do meu respeito.

 

— Será mesmo? Um homem capaz de tratar uma serva sua como se fosse prostituta e que ousa fazê-lo na sua festa de casamento... Será esse homem digno da sua completa e total devoção?

— Jurei lealdade ao barão. Empenhei minha palavra.

— Você jurou abrir mão de seu bom senso também?

— Não! — Christopher gritou, vestindo a túnica.

— Também eu não o fiz quando o aceitei por marido aos pés do altar. Sou a senhora deste castelo agora, e serei respeitada por todos. Inclusive por você, sir Christopher de Uckerman. E com isso em mente, digo-lhe que, se me tocar outra vez da maneira como o fez ontem à noite, irá se arrepender.

Christopher calçou as botas, os olhos faiscando de raiva.

— Sou o senhor aqui, mulher, e é melhor ter cuidado para não se esquecer disso! E se alguém se arrepende de algo, sou eu por ter me casado com você! — Ele aproximou-se e fitou-a fixamente, seus corpos quase se tocando. — Fique sossegada. Já que o casamento foi consumado, não pretendo tocá-la outra vez... até quando eu decidir o contrário. Então será melhor que se submeta a mim, lady Dulce de Uckerman, porque não admitirei nenhuma recusa.

Pisando duro, Christopher saiu do quarto.

Furioso, Christopher chegou ao último degrau da escada e massageou as têmporas, num gesto carregado de nervosismo. Sua cabeça estava a ponto de explodir.

— O que é? — Tomáz indagou, levantando-se de um banco comprido, onde obviamente passara a noite inteira dormindo. — Será que meus olhos estão me iludindo ou sir Christopher de Uckerman foi, enfim, derrotado por um copo de vinho?

— Deve ter sido aquele vinho importado que Alfonso nos trouxe de presente — ele resmungou entre os dentes, louco para descarregar o mau humor.

Tomáz aproximou-se um pouco mais.

— Você está se sentindo bem? Na minha opinião, parece ainda mais doente do que o cão favorito do Giovane. O pobre animal morreu ontem à noite. E você dá a impressão de estar indo pelo mesmo caminho, se não se cuidar. Não pensei que houvesse achado sua noiva assim tão atraente para gastar até a última gota de energia.

— Onde diabos está Giovane afinal? — Christopher perguntou, lembrando-se de que não vira o caçador no salão, durante o banquete. Claro que soubera da doença do cachorro e deveria ter demonstrado alguma preocupação. Giovane era o melhor de seus caçadores e, em parte, porque cuidava dos cães como se fossem seus próprios filhos.

— Ele está no canil, acho.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora