capítulo 43

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— É melhor parar antes que seus elogios me subam à cabeça.

— Você merece os cumprimentos! Aliás, algo me diz que você e seu marido vão se dar muito bem. Por que ele partiu?

— Porque ambos somos orgulhosos e muito seguros de nós mesmos. Além do mais, os rumores têm fundamento. Tivemos uma briga.

Dulce tentou afastar-se, porém Alfonso puxou-a pelo braço.

— Meu Deus! Você teve coragem! O que foi que disse a ele?

— Solte-me, por favor — ela pediu, temendo que as sentinelas percebessem o que se passava.

— Não posso acreditar que você tenha feito essa tolice! Brigar com ele. O que justificaria correr um risco tão grande?

Seu irmão nunca seria capaz de compreendê-la, de entender por que era importante enfrentar Christopher ou uma outra pessoa qualquer.

— Talvez tenha sido apenas uma briguinha de amantes — falou muito calma.

— Uma briguinha de amantes?

— Sim, e não vou entrar em detalhes. Agora, se me dá licença, preciso ver quantos ovos conseguimos obter hoje.

 

— Claro. Vá em frente. Você nunca me conta nada mesmo. — Observando a irmã afastar-se, Alfonso mal podia crer no que acabara de ouvir. Simplesmente não conseguia imaginar Dulce e sir Christopher tendo uma briguinha de amantes. Uma discussão recheada de berros talvez, mas não uma simples briguinha. Contudo, se o que Dulce dissera era verdade, ainda havia esperanças de um entendimento. Portanto, não iria se intrometer.

Melhor cuidar de seus próprios assuntos, especialmente quando a adorável, bem-dotada e gentil Anahí estivesse por perto.

Tomáz bateu o pé com força no chão de pedra, fazendo o tabuleiro de xadrez estremecer.

Espantado, Christopher olhou para o amigo quase escondido pela penumbra da sala.

— Por que você fez isso? — ele rosnou.

— Você está fitando a rainha há tanto tempo que o julguei morto — Tomáz respondeu impaciente. — Vai mover uma peça ou não?

— Já que você está tão preocupado, sim. — Embora mantivesse a voz calma, Christopher sentia-se surpreso consigo mesmo pela falta de atenção no jogo. O fato era que não conseguia se concentrar. Precisava parar de pensar em Dulce e na discussão que haviam tido. Não fora culpa sua e sim dela. Se ao menos Dulce entendesse que...

— Mova a maldita peça! — Tomáz explodiu. Christopher moveu a peça de má vontade.

 

— Você já resolveu todos os problemas, supervisionou todos os reparos que precisavam ser feitos e instruiu o administrador quanto à próxima colheita. Portanto, o que estamos fazendo aqui?

— Desde quando você está tão ansioso para voltar para casa?

— Desde que nos últimos três dias não temos tido nada para fazer.

— Gosto daqui.

— Você nunca gostou daqui antes — Tomáz contra-atacou, movendo o bispo. — E isto era antes, quando não possuía uma esposa aguardando o seu retorno.

Christopher nada respondeu e continuou com os olhos fixos no tabuleiro, determinado a manter a atenção no jogo.

— O que está acontecendo? Você brigou com ela?

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora