capítulo 34

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— Leve lorde Saviñon para dentro e certifique-se de que ele receba os cuidados necessários.

— Sim, meu lorde — Pascual murmurou, empalidecendo. — Vou chamar uma das servas.

Dulce surgiu de repente e, ignorando tanto o marido quanto o administrador, correu para junto do irmão, a preocupação estampada no rosto pálido.

— Venha comigo, Alfonso — falou num tom delicado. — Vou ajudá-lo.

Nunca passara pela cabeça de Christopher que sua esposa pudesse ser tão solícita. E pensar que tamanha demonstração de zelo não era dirigida a ele, o marido... Talvez, se tivesse sido mais gentil e delicado na noite anterior... Por Deus, se ao menos pudesse lembrar-se do que havia feito! Talvez assim ela não o tratasse com frieza e indiferença...

Não, Dulce era sua esposa, o casamento fora consumado. Não precisava de palavras ditas em voz suave e nem de... pena. Sim, pena era o que ela estava sentindo por Alfonso. Portanto, não necessitava disso... e muito menos dela. Tampouco queria ter aqueles braços delgados ao seu redor, abraçando-o...

Pisando duro, Christopher caminhou na direção dos estábulos, irritado demais para perceber que a dor de cabeça diminuíra.

— Vou sair para caçar tão logo Tomáz ache Giovane — ele anunciou, virando-se ostensivamente para Pascual.
Dulce ignorou-o, ocupando-se em ajudar Alfonso a voltar para o salão.
Lorde Saviñon gemia sem parar e de maneira ainda mais patética do que Christopher àquela manhã. Entretanto, conseguia sentir pena do irmão, sentimento que o marido não lhe despertara, apesar do mal-estar violento provocado por ela mesma. Alfonso simplesmente não tinha estômago para agüentar o vinho. Era estranho, considerando que passara tantos anos na França. O fato era que o coitado não tinha noção das próprias fraquezas e ultrapassava os limites sem se dar conta.
Com algum esforço, Dulce conseguiu levar o irmão até o banco mais próximo. Anahí tinha acabado de entrar no salão com uma vassoura, pronta para varrer e limpar os últimos vestígios do banquete da noite anterior. Porém largou tudo e correu para o lado de Dulce.
Juntas, as duas deitaram o rapaz sobre o banco com alguma dificuldade.
— Oh, Deus... Por favor, deixem-me morrer em paz — ele gemeu, revirando os olhos. — Chamem padre Reverte. Não tenho muito tempo. Meu fim está próximo.
Dulce virou o rosto para esconder o sorriso. Todas as vezes que o irmão bebia demais, acreditava estar à beira da morte. Quando Alfonso ergueu-se com a mão na boca, Anahí prontamente estendeu o balde.
— Deixe-o comigo, minha lady. Eu tomo conta dele, não se preocupe.
Certa de que havia muito mais a fazer no castelo além de pajear alguém cuja única doença era uma forte ressaca, Dulce levantou-se. Não havia nada de sério com o irmão, assim como o mal-estar de Christopher pouco significava. Os efeitos da droga não tardariam a desaparecer.
Quando estava se afastando, Anahí segurou-a pelo braço.
— Minha lady.
— Sim? O que é?
— Obrigada. Por ontem à noite. Com o barão. Eu... eu não sei o que teria feito se a senhora não tivesse me ajudado.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora