capítulo 50

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- Prefiro deixar para lhes explicar lá dentro.

- Seja bem-vinda ao meu lar - Christopher falou gentil conduzindo-a até o salão. Dulce foi obrigada a seguir logo atrás, como uma criada, ou um cão.

Parecendo preocupado, Pascual aproximou-se da castelã, a voz baixa e ansiosa. 

— Devo mandar que arrumem um dos aposentos para a convidada? 

— Sim — ela respondeu com mais irritação do que pretendia deixar transparecer. Afinal precisava manter-se calma, controlada. Aquele era seu lar também.

Christopher levou lady Belinda até uma cadeira junto a lareira.

— E então? O que a trouxe ao meu castelo

Um sentimento estranho, desconfortável, inundou a alma de Dulce. Com o pai, aprendera a aguentar os sofrimentos sem esmorecer. A Alfonso, aprendera a suportar ou ignorar. Em relação aos outros irmãos, mantivera sempre um silêncio impenetrável

Mas o que faria para se proteger dessa bela mulher. Apesar de suas tentativas de não fazer comparações era impossível negar que a beleza loura e pálida lady Belinda, a riqueza do vestido azul rebordado em ouro, o enfeite dos cabelos cravejado de pedras preciosas, o véu de seda pura e as luvas delicadas, tudo, tudo, contribuía para salientar a perfeição exterior da jovem. Comparada a ela, Dulce sentia-se pobremente vestida, feia e desajeitada, como um pato diante de um cisne.

 

— Lorde Alfonso Saviñon ainda está aqui? — lady Belinda indagou num murmúrio, fingindo-se encabulada.

— Sim. — Christopher aproximou-se um pouco mais para ouvir melhor. Entretanto, Dulce estava certa de que no meio de outras mulheres, aquela voz soaria estridente e autoritária.

De soslaio, ela viu quando Pascual passou acompanhando Anahí e Hilda na direção da escada, as duas carregando roupas de cama limpas, jarro e bacia. As servas fitavam a desconhecida com óbvia curiosidade.

— O barão pensou... que, isto é, o barão espera...

— Belinda não poderia haver desempenhado melhor o papel de coitadinha, confusa e embaraçada.

— O que é que o barão espera? — Dulce perguntou secamente, sua atitude recebendo um olhar de condenação de Christopher. Porém não tinha importância. Não poderia tolerar os modos artificiais dessa mulher nem mais um minuto sequer.

— Ele acha que lorde Saviñon e eu devemos nos casar. O ruído da bacia caindo no chão rompeu o pesado silêncio. Vermelha como um pimentão, Anahí correu para apanhar a peça de estanho.

— Por favor, perdoem-me. — Fazendo uma mesura desajeitada, a criada desapareceu do salão. 
— Alfonso não tem nada a dizer sobre este assunto?

— Dulce indagou num tom neutro, tentando imaginar onde o irmão estaria.

No mesmo instante, toda a pretensa inocência desapareceu dos olhos de lady Belinda, embora a voz conservasse a qualidade infantil.

— Sim, claro. Ele ainda está aqui, não está? Naquele exato momento, Alfonso surgiu no alto da escada, quase tropeçando na sua pressa de afivelar o cinto. Como mais uma evidência de que se vestira apressadamente, o broche da túnica estava caído e os cabelos desalinhados. Parando diante da cadeira da recém-chegada, o rapaz fez uma mesura floreada.

— Alfonso Saviñon, permita-me apresentar-lhe lady Belinda de Schull — Uckerman falou solene. — Sua futura esposa, se entendi bem.

 

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora