- Prefiro deixar para lhes explicar lá dentro.
- Seja bem-vinda ao meu lar - Christopher falou gentil conduzindo-a até o salão. Dulce foi obrigada a seguir logo atrás, como uma criada, ou um cão.
Parecendo preocupado, Pascual aproximou-se da castelã, a voz baixa e ansiosa.
— Devo mandar que arrumem um dos aposentos para a convidada?
— Sim — ela respondeu com mais irritação do que pretendia deixar transparecer. Afinal precisava manter-se calma, controlada. Aquele era seu lar também.
Christopher levou lady Belinda até uma cadeira junto a lareira.
— E então? O que a trouxe ao meu castelo
Um sentimento estranho, desconfortável, inundou a alma de Dulce. Com o pai, aprendera a aguentar os sofrimentos sem esmorecer. A Alfonso, aprendera a suportar ou ignorar. Em relação aos outros irmãos, mantivera sempre um silêncio impenetrável
Mas o que faria para se proteger dessa bela mulher. Apesar de suas tentativas de não fazer comparações era impossível negar que a beleza loura e pálida lady Belinda, a riqueza do vestido azul rebordado em ouro, o enfeite dos cabelos cravejado de pedras preciosas, o véu de seda pura e as luvas delicadas, tudo, tudo, contribuía para salientar a perfeição exterior da jovem. Comparada a ela, Dulce sentia-se pobremente vestida, feia e desajeitada, como um pato diante de um cisne.
— Lorde Alfonso Saviñon ainda está aqui? — lady Belinda indagou num murmúrio, fingindo-se encabulada.
— Sim. — Christopher aproximou-se um pouco mais para ouvir melhor. Entretanto, Dulce estava certa de que no meio de outras mulheres, aquela voz soaria estridente e autoritária.
De soslaio, ela viu quando Pascual passou acompanhando Anahí e Hilda na direção da escada, as duas carregando roupas de cama limpas, jarro e bacia. As servas fitavam a desconhecida com óbvia curiosidade.
— O barão pensou... que, isto é, o barão espera...
— Belinda não poderia haver desempenhado melhor o papel de coitadinha, confusa e embaraçada.
— O que é que o barão espera? — Dulce perguntou secamente, sua atitude recebendo um olhar de condenação de Christopher. Porém não tinha importância. Não poderia tolerar os modos artificiais dessa mulher nem mais um minuto sequer.
— Ele acha que lorde Saviñon e eu devemos nos casar. O ruído da bacia caindo no chão rompeu o pesado silêncio. Vermelha como um pimentão, Anahí correu para apanhar a peça de estanho.
— Por favor, perdoem-me. — Fazendo uma mesura desajeitada, a criada desapareceu do salão.
— Alfonso não tem nada a dizer sobre este assunto?— Dulce indagou num tom neutro, tentando imaginar onde o irmão estaria.
No mesmo instante, toda a pretensa inocência desapareceu dos olhos de lady Belinda, embora a voz conservasse a qualidade infantil.
— Sim, claro. Ele ainda está aqui, não está? Naquele exato momento, Alfonso surgiu no alto da escada, quase tropeçando na sua pressa de afivelar o cinto. Como mais uma evidência de que se vestira apressadamente, o broche da túnica estava caído e os cabelos desalinhados. Parando diante da cadeira da recém-chegada, o rapaz fez uma mesura floreada.
— Alfonso Saviñon, permita-me apresentar-lhe lady Belinda de Schull — Uckerman falou solene. — Sua futura esposa, se entendi bem.
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Esposa Rebelde - Vondy
RomanceA paixão incendiou aquele casamento de conveniência! Inglaterra Idade Média Arrogante o orgulhoso, sir Christopher de Uckerman exigia de sua esposa obediência absoluta. Mas a rebelde lady Dulce Sanviñon desafiou a autoridade de Christopher desde a...