Uckerman não estava bêbado, apesar de já te consumido vários cálices de vinho numa tentativa de embriagar-se. Em geral sentia orgulho da sua capacidade de beber sem se transformar num idiota, ou então cair no sono. Porém, essa noite, gostaria de embebedar-se até se esquecer de tudo, mesmo correndo o risco de fazer um papel ridículo na frente do barão.
Precisava dar um jeito de tirar Dulce Sanviñon da cabeça. Deveria estar prestando atenção aos comentários do barão sobre os últimos acontecimentos na corte mas só conseguia pensar que quase iluminara de desejo quando ela o tocara de leve na mão.
Não deveria estar pensando no quanto a queria, imaginando-a nua sobre os lençóis, ou então tentando decidir o que faria primeiro na noite de núpcias. Tampouco deveria estar pensando na maneira admirável como sua noiva recebera o barão. Altiva. Destemida. Merecedora em todos os sentidos, de ser esposa de um nobre.
— Os mercenários de Falkes de Bréauté insistem em se comportar como bestas enlouquecidas — Léon continuou. — Acho que o rei terá que dar um jeito de se livrar do homem apesar... Christopher?
— Barão?
— Desculpe-me, Christopher — Léon falou com indulgência, embora os olhos azuis demonstrassem irritação por não estar recebendo atenção integral do amigo. — Estou me esquecendo de que hoje é véspera de seu casamento. Talvez eu devesse parar de lhe contar as novidades e permitir que se retire.
— Minhas desculpas — Uckerman respondeu sincero — Estou ouvindo.
— Não, amigo, as notícias podem esperar. Afinal, seu casamento é amanhã e já o retive tempo demais, Léon baixou o tom de voz. — Ela é bem diferente de Alfonso, não é?
— Sim.
— Por Deus, fico feliz. Alfonso é uma criatura inofensiva, mas não consigo imaginar uma pessoa vivendo com ele. Quanto à sua noiva... é uma mulher bem-feita, não é? Devo confessar que aquele cabelo vermelho me surpreendeu. Imagino que tenha um temperamento de acordo.
— Acredito que sim.
— Bem — o barão levantou-se e esticou os braços musculosos acima da cabeça —, se alguém pode domar uma mulher temperamental, esse alguém é você, Christopher. Mas se não a quiser, basta dizer-me. Descobri que a propriedade de Sanviñon não é o que eu pensava.
Uckerman lembrou-se de que a segunda esposa de Léon, alguns anos mais velha que o marido, morrera recentemente e, embora admirasse o barão, sabia, que se tratava de um homem dado a maquinações. Talvez, por uma razão desconhecida, o barão desejasse Dulce para si. A idéia não o agradou nem um pouco.
— Fiz um trato com Alfonso e pretendo mantê-lo.
— Ótimo. Sempre soube que você é um homem de palavra e agora posso ter certeza absoluta disso. Que vocês tenham uma vida longa e feliz!
— Obrigado — Christopher retrucou com excessiva polidez. Não havia motivo para o barão testar a sua honra, não depois dos anos que o servira e depois de ter aceitado casar-se com uma mulher escolhida pelo próprio barão. Léon sabia que, para sir Christopher de Uckerman, a deslealdade era o mais terrível de todos os pecados mortais.
— Não pretendi ofendê-lo, Christopher. — Havia sinceridade na voz do barão. — Eu estava pensando na sua felicidade. Se preferir não se casar com Dulce Sanviñon terá a minha compreensão e apoio.
— Você está interessado...?
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Esposa Rebelde - Vondy
RomanceA paixão incendiou aquele casamento de conveniência! Inglaterra Idade Média Arrogante o orgulhoso, sir Christopher de Uckerman exigia de sua esposa obediência absoluta. Mas a rebelde lady Dulce Sanviñon desafiou a autoridade de Christopher desde a...