capítulo 51

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Christopher cerrou os dentes irritado, observando a esposa afastar-se. Estava acostumado à obediência cega, porém acabara descobrindo que já não apreciava essa obediência inquestionável a cada uma de suas sugestões, como demonstrava lady Belinda. Na verdade, tinha vontade de gritar para que aquela criatura pálida e sem brilho tivesse opiniões próprias e tomasse decisões.

Quase desejava que Dulce voltasse a provocar novas discussões. A recusa silenciosa em obedecê-lo, ou a facilidade com que o ignorava, era algo completamente fora de sua experiência. Não tinha idéia de como lidar com aquilo.

— Na minha opinião, ela está enganada — lady Belinda murmurou, pousando a mão sobre a de Christopher. — Tenho certeza de que o barão Léon ficaria desolado se algo acontecesse a sua esposa.

— Eu também ficaria, lady Belinda. Convencida de suas habilidades para encantar os homens, Belinda percebeu apenas o sorriso no rosto bonito e viril de sir Christopher, certa de que ele respondera daquela maneira por causa da presença de Alfonso. Era uma pena que tivesse deixado um homem tão fascinante escapar-lhe. Se o tivesse conhecido antes... Lorde de Uckermann era tudo o que ouvira dizer e muito mais. Era quase impossível descrever a incrível presença física ou o desejo que ele podia despertar-lhe com um simples olhar. Mesmo ela, sabendo que o fato de ainda ser virgem aumentava seu valor como esposa em potencial, sentia-se tentada a deixar-se seduzir.

O grande mistério era como Dulce conseguia manter-se imune ao marido, agindo como se nem sequer o notasse. Aquela criatura tinha que ser uma tola, com suas maneiras superiores e arrogantes. Faria-lhe bem perceber que outras mulheres apreciavam as qualidades viris de lorde de Uckermann.Também, com os ultrajantes cabelos vermelhos e temperamento forte, não era possível que agradasse muito. Sir Christopher apreciaria a mudança de ter ao seu lado uma mulher recatada e feminina.

Ainda assim, não seria sensato alienar Dulce completamente de cena ou jamais tornaria a ser convidada para visitar o castelo, mesmo se se casasse com Alfonso Saviñon. Lorde Saviñon era um ótimo partido, considerando a riqueza e posição social. Além do mais, sir Christopher já era casado. Portanto, não havia muito o que fazer para alterar a situação.

— Talvez, se o tempo melhorar, nós possamos cavalgar juntos — Belinda falou fingindo inocência, os olhos fixos em Uckermann.

 

— Acho que as nuvens estão se tornando menos pesadas. O que você me diz de uma caçada, Tomáz? — Vendo o amigo concordar com um aceno, ele virou-se para a convidada. — Você gostaria de nos acompanhar?

O sorriso caloroso de lady Belinda de Stull era genuíno, assim como o triunfo estampado no rosto bonito.

— Será um prazer enorme aceitar o seu convite, meu lorde.

Do alto de uma colina, Dulce observava Christopher, lady Belinda e sir Tomáz seguirem pela estrada principal. Mal saíra da estrebaria montando Jeanette, o sol aparecera e a manhã se tornara quente e luminosa.

Logo atrás dos nobres, vinham Giovane e os cães, além de Gastão levando os falcões pousados nos braços. Um servo carregava a caça com certa dificuldade, portanto a empreitada fora um sucesso.

Ela fitou os nobres com desprezo. Não lhe haviam dito que iria chover? E aquela coitadinha de lady Belinda, será que acabaria resfriada expondo-se às mudanças súbitas de temperatura?

Provavelmente Christopher tentara impedi-la de cavalgar porque a atividade lhe daria prazer, Dulce concluiu. Ou talvez, sabendo que era de seu feitio contradizê-lo, ele protestara apenas para se assegurar de que ficaria livre de sua presença durante algumas horas. Assim, nada interferiria nas conversas que gostaria de manter com a bela lady Belinda. Claro que estavam na companhia de sir Tomáz e dos servos, porém Christopher saberia encontrar mil maneiras de livrar-se dos indesejáveis, caso o quisesse.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora