capítulo 28

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Entretanto o brilho nos olhos do barão desapareceu rapidamente, fazendo-o pensar se não passara de imaginação.

— Se me der licença, Christopher, tenho uma longa jornada pela frente amanhã, até uma de minhas propriedades ao norte. Assim acho melhor ir para a cama. — Léon virou-se para Dulce. — Sozinho. — Para surpresa de Uckerman, o barão brindou sua esposa com um sorriso fraternal. Talvez não houvesse sido desejo o que vira estampado nos olhos penetrantes, mas simplesmente admiração. — Invejo-lhe a boa sorte, Christopher.

— Obrigado.

Todos os presentes ficaram de pé e permaneceram em silêncio enquanto o barão se retirava. Depois voltaram as atenções para o vinho e as frutas servidas em enormes bandejas.

— Eu também vou me retirar, meu lorde — Dulce anunciou num tom destituído de emoção.

Uckerman havia planejado ficar até o fim do banquete preparado por Pascual e pago por Alfonso. Contudo, nunca tivera muita paciência de ouvir menestréis e suas baladas ridículas a respeito do amor, especialmente quando a cama nupcial o aguardava.

— Boa noite a todos — ele falou em alto e bom som. — Fiquem e apreciem a música. Minha esposa e eu vamos nos deitar.

 

Vários soldados ergueram os cálices num brinde silencioso e muitas das mulheres suspiraram baixinho.

Tomado por uma sensação de crescente ansiedade e disposto a perdoar a insolência da esposa ao desafiar o barão, pelo menos naquela noite, Christopher ergueu Dulce nos braços e levou-a embora do salão.

Seja lá o que Dulce esperara de sua festa de casamento, jamais lhe passara pela cabeça que acabaria sendo carregada nos braços de sir Christopher de Uckerman enquanto vários dos convidados davam vivas e assobiavam, como se fossem um bando de camponeses.

Mas eles não eram camponeses e nem ela uma aldeã. Era nobre, pertencente a uma família mais importante do que a da maioria das pessoas ali reunidas.

Temendo cair, Dulce agarrou-se ao pescoço de sir Christopher. Mas os músculos daqueles braços ao redor de sua cintura a excitavam tanto que quase não conseguia respirar. Felizmente ele colocou-a no chão tão logo entraram no quarto.

— Não tenha medo — Uckerman falou sorrindo. Um sorriso superior e infinitamente experiente.

No mesmo instante Dulce virou-se e apanhou o jarro de vinho sobre a mesa, grata por ter sido obrigada a cuidar do pai doente durante meses. Acostumada a nada desperdiçar, guardara a poção para dormir, preparada pelo alquimista. O pó quase não tinha gosto e o sabor forte do vinho iria mascará-lo sem dificuldade.

— Que tal um pouco de vinho? — ela indagou, enchendo um cálice até a borda.

— Se você me acompanhar. Tome um pouco, minha lady. Pois parece estar precisando.

Dulce fingiu sorver um gole do vinho antes de entregar o cálice ao marido, que bebeu com prazer.

— É um vinho de ótima qualidade.

— Foi presente de Alfonso.

— Venha cá, esposa.

Quando será que a droga começaria a fazer efeito?, ela pensou, desesperada. No seu pai os resultados eram imediatos, porém tratava-se de um homem velho, magro e doente. Talvez devesse ter aumentado a dose.

— Eu disse venha cá, esposa — Christopher repetiu, puxando-a pelo braço e apertando-a ao encontro do peito musculoso.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora