O Castelo de Bronze

O som de Bronze

Irlanda do Norte. 2018.

Dane tinha muitas coisas para fazer naquele castelo. Não era a toa que ele era, e sempre seria, o único a poder comandar aquilo ali. Dane não tinha filhos, não ainda, mas um dia, quem sabe, teria um ou dois meninos correndo por aqueles corredores como ele tinha corrido antes. Era estranho ter tanto poder nas mãos e tão pouco para de fato comandar no dia-a-dia. Embora Dane fosse responsável pela maior parte do transporte de carne e mantimentos para seu povo - seu povo estava espalhado o suficiente para ser uma pátria sem pai. A história pertencia à história e Dane tinha que se lembrar disso enquanto andava pelos corredores de pedra antigos.

Ele tinha um metro e noventa e era um homem magro, mas muito forte. Tinha cabelos aloirados levemente queimados, e a barba o acompanhava desde que ele tinha feito idade o suficiente para cultivar uma. Tinha um tom sombrio, ele sabia, mas ele gostava do tom que tinha. Dane não era exatamente um playboy rico, mas ele era rico, e, tinha o suficiente para ser um playboy se quisesse ser - uma pena que nada daquilo combinava com ele.

Dane entrou na sua pequena saleta de reuniões, onde ele se encontrava com seu único sócio e encostou a porta ao ver que o homem de cabelos loiros claros e olhar malicioso sorrindo para ele como quem ganhou um prêmio grande demais. Dane não deixou de notar aquela atitude, enquanto encaravam as paredes de pedra e mobília chique demais. Bufou porque tinha que bufar, e cruzou os braços no peito de maneira máscula demais.

- Rhett, se você não tirar esse sorriso do rosto e não me explicar porque o tem, ficará difícil eu manter o lobo dentro de mim. - Confessou Dane, estalando os dentes enquanto suas botas escuras arranhavam o piso de madeira nobre desgastado.

- A ideia foi de Loryn e apenas por isso não estou mais convencido do que isso. - Confessou o homem lindo de cabelos loiros, já esticando-se por cima da escrivaninha estilo Luíz XV de Dane e puxando dali de cima, um papel bem passado com um selo vermelho enorme em cima dele. - Achei que pudesse te interessar.

O papel com o selo da casa de Bronze foi dado à Dane. Um papel simples, mas com o selo da casa, o que fazia daquilo, ele sabia, assunto oficial. Dane torceu o nariz, porque era muito tarde para falar de assuntos oficiais, mas deu o braço a torcer por se tratar de Rhett e ele era um espírito livre sem horários como pessoas normais com ele e Loryn.

- Posso saber porque eu estaria interessado em ler o dossiê da família Garret? - Dane olhou com curiosidade para Rhett. - Isso tem haver com o nosso próximo carregamento de carnes? Rhett, não podemos nos atrasar como ano passado, sabe disso, o clã cresceu.

- Diga para Loryn não demorar com as contas da casa de Bronze e nós ficaremos mais do que felizes em abastecer o sul e o leste com as carnes no tempo certo. Afinal, acho que o castelo de Prata não nos perdoaria por outro atraso e meu Deus, Alexander tem um péssimo humor, especialmente no inverno, não acha?

- Alexander tem um péssimo humor. Ponto. -Dane brincou de leve, mesmo não sendo um homem do humor, e esticou o papel no ar, mostrando-o para Rhett. - Por que estou lendo sobre negócios às onze da noite, Rhett?

- Você não está lendo sobre negócios. - O loiro riu. - Bom, na verdade, está, mas não é isso que interessa. O que deveria te interessar, meu querido, é o nome no final desse papel. Nicolette Garret.

Dane chegou a abrir a boca para protestar quando Rhett disse o nome no ar, mas ele viu que o loiro estava feliz demais para ser podado de maneira tão cruel. Ora, Rhett as vezes tinha aquele ar sonhador demais, mas Dane sabia que isso o permitia ver e fazer planos onde Dane geralmente não se demorava o suficiente para isso.

- O que tem Nicolette Garret?

- Ela é a herdeira do Carnes Garret.

- Alguém tinha que ser, não é mesmo? - Ele levantou uma sobrancelha de forma curiosa. - Eu perdi alguma coisa importante?