O preço do Bronze

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Dane colocou a mão no sofá, buscando por onde se apoiar. Ele não queria pensar na dor, pois ela era bem capaz de o impossibilitar agora. E ele não queria isso. Fez força, se xingando quando não conseguiu sustentar o próprio peso. Ele estava nu e tinha uma boa porção de sangue no chão. Seu nariz corria sangue, livremente e ele sentia dor em todas as partes. Sua roupa, rasgada no chão, o lembrava que ele tinha que ser forte.

Ele precisava recolher os cacos.

Ergueu o peso com o braço e foi quando ouviu alguém puxar o ar, surpresa demais. Dane demorou até conseguir focar, e viu Nicolette. Logo Nicolette.

- Dane!

Ela ficou surpresa, muito surpresa e foi até ele, com velocidade, já dando-lhe uma mão e forçando por seu braço.

- Eu estou bem. - Tentou sorrir, e o sangue só tornava o sorriso dele ainda mais mentiroso.

- Não fale, você está sangrando. - Nicolette o ajudou a se sentar no sofá e ouviu ele gemer alto.

Oh, ele estava nu, totalmente nu e Nicolette temia o que aquilo tudo poderia significar, mas achou melhor não falar muito agora.

- Aqui, vem. - Ela abaixou-se e pegou o blusão dele no chão, e o apertou contra o rosto de Dane.

- Ai. - Ele reclamou.

- Eu sei. - Ela apertou com mais força ainda. - Pode ter quebrado. Tenha calma.

- Eu estou bem, Nick.

- Isso não é bem. - Ela falou séria. - Deus, Dane, tem sangue por tudo! Talvez seja melhor chamarmos um médico e...

- Não!

Ele falou tão alto e tão sério que Nicolette se assustou. Seria aquilo vergonha? Medo de parecer fraco? Ela não sabia.

- Dane...

- Eu só preciso de um banho. Eu estou bem.

- Você não está bem. - Ela falou séria e o soltou, deixando ele sustentar o blusão do nariz. - Olhe só para você! - Jogou os braços no ar. O que diabos aconteceu, Dane? Por quê não gritou por mim? Por Rhett?

- Ele é o líder de prata.

- E daí? - Deu de ombros, cruzando os braços.

- Você não entende, não é mesmo? - Ele suspirou. - Ele é o líder de prata, eu sou o de bronze, Nicolette. Ele pode me submeter quando quiser.

- E que porra isso quer dizer? - Perguntou furiosa. - Ele... ele transou com você? Dane... ele te estuprou? - Ela colocou a mão no coração.

- Não é isso que...

- SE ISSO AQUI NÃO É ESTUPRO, O QUE PORRA É?

Dane sentiu o grito dela na pele e tentou não perder o foco ali. Não podia perder o foco.

- Uma hora você vai entender.

- Eu... eu não quero te ouvir agora. - Ela levantou a mão no ar para ele. - Anda, vamos pro banheiro, eu vou te ajudar a se limpar.

Dane endureceu o corpo.

- Nick, eu quero ficar sozinho agora.

- Nos seus sonhos! - Ela falou séria se aproximando dele. - Vem. Anda. Eu vou te ajudar.

- Não. - Ele recusou sério. - Não. Não pode fazer isso. Eu sou o alfa. Não pode ser assim.

- Eu estou me fodendo se você é alfa ou que porra é. - Tocou no braço dele, o segurando para si. - Engole a porra do orgulho.

- SERÁ QUE VOCÊ NÃO ENTENDE? - Ele gritou para ela quase chorando.

- Não, Dane, eu não entendo. - Ela respondeu calma quando via ele hiperventilar. - E tem sangue nas suas coxas. - Alertou. - Eu não quero entender nada agora, eu quero que me deixe te ajudar.

Dane virou a cabeça, e viu Rhett e Loryn no pé da escada, o olhando com dor no peito. Dane odiava aquela sensação. A nudez. A exposição. A fraqueza. Eles estavam vendo seu pior lado e isso o incomodou.

- Era isso que vocês queriam ver? - Ele perguntou olhando para Rhett e Loryn. - É isso que querem ver?

- Deixe a Nick te ajudar. - Loryn pediu. - Por favor.

- Saiam daqui, todos vocês. - Empurrou Nicolette. - É uma ordem. Saiam.

- Ninguém se mexe. - Nicolette falou séria, vendo todos ficarem confusos. - Eu não ligo pra porra do seu orgulho agora. Rhett... esquente bem o chuveiro. Loryn... pegue alguns remédios e panos limpos. Vem, Dane, eu vou te dar um banho....

- VOCÊ VAI ME OBEDECER E SAIR DAQUI!

Ele berrou alto o suficiente para fazer Rhett se arrepiar de medo.

- QUER ME BATER? BATE! MAS EU NÃO VOU PRA PORRA DE LUGAR NENHUM! EU NÃO VOU TE DEIXAR, CARALHO!

- Rhett, tire Nicolette daqui. Use força se necessário. - Ordenou Dane.

- Não ouse... - Nicolette falou para Dane, entre os dentes. - Não ouse me afastar agora.

- Rhett... - Ele ordenou de novo e finalmente ouviu passos de Rhett.

- Nick... vem.. - Ele esticou os braços para Nicolette. - Vem comigo.

- Eu não vou a lugar algum. - Ela falou séria. - Não faça isso, Dane. - E olhou para ele, que olhava para o lado, sem humor.

- Rhett... - Ele ordenou com mais firmeza.

- Nick, vem. - Rhett esticou o braço para tocar no de Nick.

E a mulher se puxou toda, se afastando.

- Não encosta em mim, porra. - Ela falou séria para Rhett. Furiosa. - Eu saio sozinha.

E saiu à passos largos.

Ela ouviu que estava sendo seguida, e não ligou. Foi para o escritório e já se sentou na mesa, puxando o telefone com fio quando viu Loryn entrar e encostar a porta, assustada.

- Nick.... - Loryn falou totalmente pálida.

- Tranque a porta, meu amor. - Ela falou com leveza enquanto digitava números.

- O que está fazendo? - Loryn mordeu as unhas. - Nick... para quem está ligando?

Nicolette fez um gesto no ar, mandando Loryn ficar quietinha. Ela sabia muito bem o que estava fazendo, oh, sabia.

- Coltrane?

Loryn arregalou os olhos quando Nicolette falou o nome do líder de ouro.

- Sim, sou eu, Nicolette. Estou bem, querido, e você? Escute... preciso de sua ajuda. Não, não para mim. Para Dane. Alexander esteve aqui. Sim. Não sei. Sei que foi feio. Dane parece ferido. Certo. Sim, eu estarei esperando. Obrigada.

Desligou o telefone e olhou para Loryn que parecia apavorada.

- Ele vai te quebrar quando descobrir. - Avisou a loba.

- Ele que tente. - Bufou.

- Nick...

Nicolette pegou o telefone na mão, o arrancou com força da mesa, puxou o fio e o atirou no chão, com raiva. Raiva, percebeu Loryn, que era difícil dizer para ela não sentir.

- Nick...

- QUE PORRA! COMO ELE PODE FAZER AQUILO COM DANE? COMO, LORYN! E ELE ME MANDOU SAIR DE LÁ!

- Eu sei.

Loryn deu um passo para frente quando Nicolette abraçou o próprio corpo e começou a chorar alto e com desespero. Ela imaginou que Nicolette poderia empurrar, ou ser agressiva, mas quando chegou perto dela, deixou-se ser abraçada.

- Eu sei. - Loryn disse amparando o choro dela. - Vai ficar tudo bem.

- Prometa pra mim. - Pediu Nick. - Promete!

- Eu prometo. - Loryn disse apertando mais ela no peito. - Vai ficar tudo bem.

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