O ouro

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Coltrane gostava de viajar de manhã. Achava, pensando bem, divertidamente revigorante. O cheiro do orvalho, as gotículas da manhã com cheiro de grama. Seu cheiro preferido sempre foi grama molhada e café e talvez por isso, amasse tanto sua esposa Alma - a quem conhecera trabalhando em um café servindo expressos para homens apressados de terno.

Ele era um homem de seu tempo. Tinha seus anos pesando em suas costas, mas nem por isso deixava de apreciar o amor que ele tinha por seu clã. Alma era sua primeira esposa, seu braço direito e ficou ao lado dele durantes todos os anos em que ele subia até o ouro. Ele era um nobre, um homem alfa com o peso do mundo, mas ele sabia lidar bem com isso - quase tão bem quanto sabia lidar com o poder que tinha nas mãos.

Ele estacionou seu carro preto com alguma alegria ao lado do castelo de Bronze e desceu do carro com seus tênis velhos e seu conjunto de roupas ultrapassado demais. Sustentava cabelos longos, aruivados, lisos, e olhos sadios em tom de ouro. Tinha barba, como todos os alfas atualmente tinham e um leve sorriso maroto gentil e convidativo - sua marca registrada.

Ele não precisava bater na porta, mas ele sempre batia, pois achava mais justo com todo mundo. Não é porque era o alfa de ouro que precisava colocar o pinto antes do cérebro.

- Loryn. - Ele viu a porta se abrir e a mulher com lindos olhos de loba abrir um sorriso junto com ela. - Minha doce, como vai?

- Coltrane, como é bom te ver!

A mulher abriu um sorriso honesto, amplo e abriu os braços para abraçar o homem. Ele a acolheu, paternalmente, colocando a cabeça dela no peito e acariciando suas costas em um movimento grande, ritmado, como um lobo mágico e místico cheio de amor para dar. Era quase paternal demais, mas Loryn tinha aprendido a gostar dele do jeito que ele era.

- Vi mais um carro aí na frente....

- Nicolette. - Loryn se adiantou em falar, se afastando do abraço de Coltrane. - É nova. Não é loba ainda.

- Vão completar a matilha. - Ele compreendeu, cruzando os braços no peito orgulhoso. - Já estava na hora. Imagino que Dane está feliz.

- Está. - Concordou.

- Você está? - Ele quis saber, entrando no castelo, e limpando os pés antes disso.

- Eu estou. - Foi honesta. - Imagino que está aqui por causa do carregamento de carnes.

- Estamos dentro do prazo. - Ele levantou a mão em sinal de calma. - Sim, estou aqui por isso, mas sabe que também gosto de passar aqui periodicamente. É minha responsabilidade.

- Alexander esteve aqui. - Loryn confessou e viu na hora que Coltrane a olhou de forma preocupada. - Não... ele não...

- Onde está Dane? - Ele quis saber, imediatamente.

- Coltrane...

- Eu perguntei onde está Dane, Loryn. - Repetiu mais sério agora.

- Lá atrás, no jardim.

- Fique aqui. É uma ordem.

Era uma ordem leve, pensou Loryn, mas não deixava de ser uma ordem. Especialmente quando Coltrane avançou pelo castelo. Seus sapatos, tênis velhos e surrados, passavam pelos corredores sem glamour algum. Ele não ligava para jóias e diamantes. Era um homem firme, concreto, como o trono de ouro que ocupava.

Andou, suspirando e com uma leve dor na cabeça e foi até o local onde ele sabia que acharia o homem que procurava. Dane.

O lobo, alfa de Bronze, estava sentado na grama, com os dedos e unhas cheios de terra, respirando ar puro. Estava de suéter azul marinho e calças de cor marrom escura, sem sapatos e tinha um cabelo matinal bagunçado demais. Dane estava simplesmente sentado, olhando o horizonte, mas Coltrane imaginou que momentos antes, ele estava nu, como um lobo, correndo. Podia ainda ver o poder em seus olhos.

O Castelo de BronzeOnde histórias criam vida. Descubra agora