"Eu assumo"

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O fato de que Nicolette vestia uma roupa de Loryn e andava de um lado para o outro em uma sala muito formal não agradavam Dane. Ela parecia nervosa, pensativa e ao invés de sentar na cadeira enorme, atrás da mesa do que era, com certeza, o escritório dela, ela andava, pronta para abrir um buraco no chão.

Vestia um vestido e meias grossas - tudo muito cinza, e o escritório dela era tão estéril que poderia fazer uma cirurgia ali no meio, pensou Dane, e ninguém correria riscos de infecções. Não parecia com ela, com a ideia que ele tinha dele no meio do mato, com bichos - mesmo que ele ainda não tivesse visto essa cena ainda. 

- Esta é sua sala? - Ele perguntou virando-se e enfiando as mãos nas jeans apertadas, olhando pelas janelas enormes. 

- Sim. É. - Ela falou nervosa, mordendo uma unha. - Embora eu quase não a use. Passo a maior parte do tempo nas fazendas. Isso é só para... ter meu nome em uma porta, eu acho, para lembrar todos que eu sou a dona. 

Ele concordou um pouco, deixando-a suspirar pesado. 

- Não foi você que decorou isso.

- É tão óbvio? - Riu. - Não, não fui eu. Eu deixei que meu secretário escolhesse os móveis na época, isolamento acústico, inclusive, acho que estavam na moda ou algo assim.

- E como decoraria, se pudesse? - Quis saber, tentando acalmar ela. 

- Grama, animais. - Deu de ombros. - Eu não sou Loryn. Eu detesto isso aqui. 

Ela foi um pouco grossa e ele percebeu que ela não queria fazer aquilo. Ela não queria colocar carne em caminhões não autorizados. Ela parecia nervosa, e ela era certinha demais para isso. 

Foi quando um homem baixo, calvo e de meia idade, abriu a porta, vestindo um terno velho, meio mofado e segurando vários papéis em um braço, e no outro, uma xícara de chá, que ele logo esticou para Nicolette.

- Senhora. - Ele a saudou, muito rapidamente, entrando depressa e vendo ela pegar o chá. - Pegou-nos de surpresa. Imaginamos que não viria hoje, por isso eu...

- Não precisa se desculpar, Igor. - Ela sorriu pegando a xícara e apontando logo para Dane. - Este é Dane, um de nossos clientes. 

- Eu o conheço de nome, sim. - Igor o saudou com a cabeça e já foi colocando os papéis na mesa. - A senhora assinou os rendimentos mensais?

- Alguns, sim. - Nicolette tomou um pouco do chá e apontou para uma cadeira, e de visita, para Dane. - Sente, Dane, por favor. 

- Vou lhe dar mais alguns para assinar, já que está aqui.

- Certo. - Nicolette concordou. - Igor, o senhor Dane gostaria de usar nossos caminhões de transporte interno. Ele comprou mais do que o normal e tem um prazo para cumprir, dele. Será que nós...

- Não. - Igor já cortou a fala da chefe. - Sabe que não temos permissão para usar eles para transportes internos, quer dizer, eu entendo que o senhor tenha prazos, mas entenda, se nos pegam com eles fazendo fretes, podemos ser multados. 

- Eu entendo. - Dane franziu a testa, vendo Nicolette suspirar, desconfortável, mas sem querer ir contra ele. Sim... ela estava dividida entre ajudar ele, ou se ajudar. E Dane podia valorizar isso, mas, de novo, ele entendia o peso do nome dela. - Talvez possa me recomendar algo fora daqui, então, se isso não for possível. 

- Até o dia 2, Igor. - Nicolette completou. 

- Essa época? - Riu nervoso. - É impossível...

- E nossos caminhões externos, talvez se algum cliente possa atrasar um pouco eu... 

- Não. - Dane interrompeu, levantando uma mão no ar. - Eu apenas queria mesmo esgotar minhas possibilidades, se não é possível, eu compreendo e agradeço seu tempo, Igor.

O Castelo de BronzeOnde histórias criam vida. Descubra agora