Desperto sentindo o estômago enjoado, abro meus olhos e percebo que estou em um quarto desconhecido. O pânico parece querer escapar das amarras invisíveis, tento sentar e uma fisgada no braço interrompe meus movimentos, ao olhar na direção encontro um curativo que parece estar conectado ao soro quase vazio.
Um leve ronco reverbera pelo cômodo, ao erguer a cabeça encontro meu pai na cadeira dormindo. Suspiro com extremo alívio ao vê-lo. Não estou em perigo. Tento me sentar mais uma vez, contudo o enjôo piora, dessa vez ele está acompanhado da tontura.
— Cuidado, você está fraca.
Me sobressalto ao escutar a voz grossa, meus olhos seguem até o outro canto do quarto. Como o quarto está encoberto pelas sombras, o prédio vizinho parece iluminar parcialmente, contudo, não consigo enxergar com clareza a pessoa, apenas sua silhueta. Tenho uma leve impressão que conheço essa voz.
No momento que a pessoa se afasta da parede e começa a caminhar na minha direção, meus olhos se arregalam ao reconhecê-lo. É aquele homem de ontem!.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto assustada.
Ele está me perseguindo?
— Te ajudei hoje de manhã. — Passa a mão pelos fartos cabelos, envergonhado. — Seus pais estavam desesperados com o seu estado.
Desesperados?. Levo um segundo para compreender, as memórias surgem e causam uma enorme dor em meu peito. A dor, o sangue e o medo de perder meu bebê. Coloco a mão na barriga em pânico.
— O bebê está bem — responde minha pergunta muda.
— Oh Deus, ele está bem — repito aliviada, algumas lágrimas escorrem pelas minhas bochechas.
— Não chora, prin... Angel. — Ele muda o final rapidamente, mas percebo que iria me chamar de princesa mais uma vez.
Entretanto, não sinto raiva dessa vez pelo apelido, sinto-me apenas estranha. Ele é um homem belo, e deve ter consciência desse fato, apenas é estranha a forma como profere com tanto carinho essa palavra.
— Está tudo bem mesmo? — Apenas quero ter a certeza mais uma vez que meu bebê está fora de qualquer risco.
— Sim — afirma com seriedade. — Laura garantiu que vocês estão fora de risco. Seus pais agiram rápido, se o atendimento tivesse sido tardio, o bebê não teria resistido.
Suas palavras despertam o alívio e temor simultaneamente, mas parece que ele está ocultando algo.
— Eu morreria sem o bebê — sussurro para mim mesma.
Esse bebê está sendo uma segunda chance na minha vida. Antes não tinha vontade de lutar por mim mesma, apenas por meus pais e irmãos. Contudo, após descobrir essa gravidez algo floresceu em meu peito. Uma enorme vontade de cuidar de mim para que o bebê nasça repleto de saúde. Batalhar ainda mais para tentar melhorar a vida da minha família, nem que tenha que continuar aguentando as provocações da Marina.
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Aprendendo a Amar (02) | ✓
Romance•| Irmãos McDemott - Livro 2 ➜ +16 • A história aborda violência (física, psicológica e sexual), ataque de pânico e palavras de baixo calão. ➜ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS | Não permito que façam adaptações ou a utilizem para outros fins. ANGEL B...