Talvez seja impressão minha, mas desde que saímos do hospital, Dominic parece perdido em seus pensamentos. Contudo, em alguns momentos consigo sentir o peso de seu olhar sobre mim.
— Pergunte logo — as palavras escapam um pouco mais duras do que esperado.
— Sou tão transparente assim? — Tenta fazer graça.
— Como um espelho.
— Ai, essa doeu aqui. — Reviro os olhos. — Estou seriamente pensando em consultar com um cardiologista. Desde que te conheci, venho tendo muitas palpitações. Se continuar assim, irei morrer.
— Quanto drama!
— Esse é o meu charme. — Observo seu belo perfil, o sorriso largo em seus lábios. Contudo, os lábios se pressionam, sério. — Os machucados no rosto de sua amiga... Não sou bobo, sei reconhecer uma violência de longe. Como você a conheceu?
Chegou a hora. Desde que Isis foi embora, em meu íntimo, sabia que iria acabar contando tudo. Dominic, não é bobo. O meu medo não passou despercebido por ele, então uma hora ou outra saberia sobre a psicóloga.
— Estou me consultando com uma psicóloga — respondo de uma vez, sem procurar palavras bonitas ou enrolar. — Você deve imaginar o motivo. — Observo os carros através da janela, sua respiração se torna um pouco forte, como se estivesse tentando controlar sua reação. — O medo constante, o ataque de pânico naquele dia... Não posso viver assim. Laura notou isso durante a segunda consulta e me recomendou uma psicóloga. — Acabo omitindo que ela sabe uma parte do que aconteceu comigo. — Os dias foram se passando e ignorei. Até que na noite que você apareceu, tive minha primeira consulta. Nesse mesmo dia conheci a Isis, na verdade, acabei me esbarrando com ela após sair do consultório. Seu rosto estava pior, e eu... — tento procurar as palavras certas antes de continuar. — Não sei explicar direito, mas algo me puxou na sua direção. Tinha apenas uma certeza: precisava ajudá-la. Olhar para ela, era como estar olhando para um espelho. Por alguns minutos me vi nela — murmuro essa última frase, e nem sei se ele conseguiu ouvir. — Estou feliz por tê-la encontrado novamente, mas se for olhar minhas ações, pareço uma psicopata. Só que eu não consigo ignorar essa necessidade de ajudá-la.
As minhas palavras parecem ecoar dentro do carro, um silêncio sepulcral surge entre nós. Viro a cabeça e observo seu perfil, sua expressão está neutra. Tendo em vista que ainda estou abalada, respeito o seu silêncio. Isso leva-me a pensar como ele reagiria se eu contasse como minha filha foi concebida.
— Psicóloga. — Sua voz grossa reverbera dentro desse espaço quase pequeno. — Sabia que tinha algo errado, mas estava me negando a seguir os pensamentos que surgiram na minha cabeça. — Inspira e solta o ar aprisionado em seus pulmões com força. — Você estar indo na psicóloga, torna tudo mais concreto e real... Porra — pragueja baixinho. — Tenho em mente que não sou tão próximo a você, mas queria saber mais da sua vida. Assim eu poderia proteger e cuidar de vocês.
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Aprendendo a Amar (02) | ✓
Romance•| Irmãos McDemott - Livro 2 ➜ +16 • A história aborda violência (física, psicológica e sexual), ataque de pânico e palavras de baixo calão. ➜ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS | Não permito que façam adaptações ou a utilizem para outros fins. ANGEL B...