Prólogo

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Desespero. Angústia. Dor. Agora todos os sentimentos eram quase palpáveis. O cheiro de morte podia ser sentido no ar, a terra, assim como os rios, estava tingida pelo mais puro e vibrante vermelho, as árvores envergavam-se como se sentissem dor ao ver tamanha destruição.

Em meio a tantos corpos jazidos nas mais diversas posições, sentir dor era o último fio de esperança em que um homem poderia se segurar: ainda não havia morrido.

Olhares vagos e bocas abertas estariam para sempre gravados nos rostos daqueles que as almas não mais habitavam os corpos. As expressões petrificadas mostravam que os últimos momentos haviam sido vividos com intenso temor e, deste momento em diante, seria esta a última lembrança a ser guardada, ninguém viria para fechar seus olhos, cruzar seus braços.

Pele, carne, sangue, entranhas, tudo pertenceria à natureza agora, ela se alimentaria daqueles que um dia se alimentaram dela.

A destruição do exterior era reflexo do vazio interior. A cobiça tomou conta dos reis e rainhas, a fome de poder era insaciável, nem todas as joias, bebidas, comidas e feudos eram suficientes para satisfazê-los. 

Os reinos começaram a travar batalhas em suas próprias terras e por todo lado, como se estivessem cegos pela ganância, o que lhes importava era dominação, mesmo que para isso, destruíssem seus próprios lares e seus próprios povos.

O que antes era luta pelo poder, agora era uma luta pela sobrevivência: terras aptas para o plantio haviam sido estraçalhadas, os grandes castelos, antes fortalezas, agora não passavam de ruínas, reis sucumbiram à loucura, grandes líderes e seus exércitos simplesmente não tiveram a sorte de se despedirem de suas famílias, morreram lutando por algo que não passava de ilusão, assim como todos os outros que tiveram seus lares invadidos e destruídos.

No entanto, a guerra estava fadada ao fim, o que serviu como um grande palco de horror, seria a mais almejada fonte de paz no futuro, apenas para que tudo acontecesse novamente, seguindo o seu ciclo natural.

E no caos surgiu destruição. E do caos surgiu paz. E para o caos seguirão.


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Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora