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— Como vão as coisas? — Me aproximei de Tobias enquanto ele ajeitava milimetricamente alguns talheres dispostos em cima da mesa.

— Tudo indo como o desejado, Princesa. Sem muito o que fazer, não? — O chefe dos empregados não tirou os olhos de seus afazeres para conversar comigo e eu ia o seguindo para todo canto.

Depois de deixar os meninos com o novo treinador, percebi que meus dias seriam muito vazios, e me perguntei como conseguia não cair no tédio no tempo em que a ala de treinamento não existia.

Mesmo com as infinitas possibilidades, o castelo estava extremamente monótono. Os cômodos pareciam vazios, tudo aparentava estar muito quieto, nem parecia que haviam vários nobres espalhados pelos cantos, o que era bem estranho, porque há pouquíssimo tempo, a simples lembrança da presença deles, era capaz de me deixar irritada.

Talvez a euforia do primeiro contato tenha os deixado, embora ainda permanecessem um tanto quanto juntos, cada um já devia ter suas atividades e áreas favoritas do castelo e, com o tempo, iriam se afastar aos poucos, sem falar que era quase certeza que eles próprios não se aguentavam mais e deixariam para manter contato e serem amigáveis somente nos momentos que em a presença de todos era requisitada: almoço e jantar. 

— Ouvi dizer que as visitas estão extremamente satisfeitas...

Agora estávamos na cozinha, onde várias empregadas iam picando alimentos, algumas choravam e não era por causa da satisfação de ter o trabalho reconhecido nem por tristeza.

— Estamos fazendo o possível para que tudo esteja em perfeitas condições, Princesa.

Tobias era um dos poucos que eu sabia que não deixaria de me tratar tão formalmente, mesmo que eu pedisse. Ele era extremamente profissional e eu respeitava suas preferências.

— Há algo que eu possa fazer? — Algumas empregadas pararam seus afazeres para me encarar com expressões de dúvida. Olhei em volta e, apesar de parecer ter muita coisa para ser feita, eles pareciam estar super organizados e cientes do tempo que tinham para preparar o almoço.

— Creio que não, Princesa. — Desta vez o homem olhou para mim com uma expressão indecifrável. Ele parecia uma versão masculina de Lia.

— Não te ensinaram que você deve ao menos fingir que gosta da sua futura rainha? — A provocação era válida, Tobias não fazia questão de esconder que eu ajudava a atrapalhar.

— Creio que não seja necessário fingir, Princesa. — O canto de sua boca subiu tão levemente que se eu não estivesse olhando para seu rosto nem teria notado.

Tobias estava, na maioria das vezes, com semblante tranquilo, ele sabia bem como manter a máscara, mas em todo caso, não queria o importuná-lo, A Conferência lhe exigia muito tempo e dedicação e eu sabia que, mesmo que ele não demonstrasse, o estresse uma hora chegaria, se é que já não havia chegado.

Fiquei por mais alguns instantes na cozinha vendo os empregados trabalhando, era uma boa distração, eles conversavam, timidamente, sobre assuntos que eu poderia ouvir, mas sabia que, assim que eu saísse, começariam a fofocar sobre os nobres, outros empregados e até falar sobre eles mesmos e suas vidas.

Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora