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Quando um simples aglomerado se tornava uma soberania? Qual era o parâmetro para definir o que era uma dominação emergente e o que era um reino? O que tornava um reino forte? Quais medidas deveriam ser tomadas para que um reino se tornasse uma potência? Quando um castelo deixava de ser apenas o centro de uma cidade e se tornava o coração de toda uma região?
Diversos outros questionamentos poderiam surgir acerca de tal tema, o fato é que, logo após A Grande Guerra, há vários anos, muitos não puderam se dar ao luxo de pensar, tiveram que agir, em meio a necessidades, começaram a dar forma a algo grandioso, sem ao menos se dar conta.
A força surgiu de onde menos se esperava, de forma independente e orgânica, sem artifícios ou planos predeterminados.
Não era segredo para ninguém que o Castelo de Pedra era exuberante. As histórias de centenas de anos percorriam os diversos reinos e faziam aumentar, gradativamente, o modesto prestígio que a grande fortaleza tinha.
Era de conhecimento geral que, toda essa magnitude, advinha de anos de trabalho árduo, sangue e suor derramados.
Sangue impuro. Suor sujo.
Para que o maior, e mais importante castelo da região, pudesse ser o que hoje todos conheciam, milhares não puderam medir esforços e poupar energias.
Em meio a incertezas, conflitos e tensão, a redenção veio à tona. Além das densas florestas centrais, sobre as planícies do leste, Os Primeiros conceberam a união dos povos.
Fincaram na terra, suas fortes raízes, capazes de alcançar as profundezas mais obscuras e construíram sobre ela, um castelo, capaz de tocar os céus.
O Magnífico Castelo de Pedra ergueu-se, mesmo quando a descrença vigiava. Resistiu, mesmo quando escárnio o rondava. E consolidou-se, mesmo quando o desprezo aflorava.
Uma nova narrativa nasceu. O sangue se fez nobre e importante. Eles decidiram escrever a história com as próprias mãos e seus sucessores davam continuidade a seu próprio jeito.
Nem mesmo o tempo fora capaz de apagar as marcas dos ancestrais: seus passos eram preservados no chão escuro dos inúmeros corredores; os quadros, pendurados nas grandiosas paredes frias, eternizavam seus semblantes calmos, seus olhares misteriosos sempre atentos e suas figuras únicas e emblemáticas; as portas e janelas monumentais, rangiam com o toque dos fortes ventos trazidos pelo suave sopro dos finados; os contos mantinham vivas as tradições.
Seus jardins eram de causar inveja, fascínio e deslumbre. Em nenhum outro lugar existiria algo que se comparasse, nunca, nem mesmo nos arredores. A vegetação era nutrida pela mais rica e especial terra. Suas flores eram de belezas tão únicas que enfeitiçavam. Sua densa floresta sussurrava aos ventos suas mais íntimas confidências.
O castelo era abrigo de muitos segredos, só àqueles, com olhares atentos, seriam capazes de enxergá-los. Somente àqueles com audição sensível seriam capazes de ouvi-los.
As memórias eram contadas de geração para geração e, com o passar do tempo, fábula e realidade se misturaram até que não fosse mais possível distingui-las.
As histórias eram contadas do ponto de vista de um povo sonhador e destemido. Os momentos ruins do passado, sempre voltavam à tona. As dificuldades remotas, não eram motivo de vergonha, muito pelo contrário, eram sempre lembradas com orgulho. Orgulho de um povo que superou todas as expectativas.
Tudo era fruto de muito trabalho. Muito sangue e suor foram derramados.
Sangue extraordinário. Suor digno.
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Amor Fati
FantasyTatiana é uma princesa que aprecia o silêncio e quietude, mas se vê numa situação incômoda: diversos nobres ficarão hospedados em seu castelo para a famosa Conferência a fim de estreitarem laços gastos pelo tempo, mas o que parecia ser uma reunião a...