Amor Fati

32.

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Eu sabia que Lúcia ainda estaria um pouco magoada, por isso, resolvi levá-la para passear pelo castelo e ir à lugares menos visitados por nós para manter sua mente ocupada. O final da tarde estava esplêndido, como o do dia anterior.

Estávamos no último andar de uma das menores torres do castelo, ela era a mais graciosa, as plantas iam crescendo pelas paredes de pedra e os arcos iam sendo tomados pelas flores, os bancos eram dispostos de forma organizada, tudo era agradável aos olhos e isso bastava. Ficamos admirando o céu coberto por nuvens alaranjadas, conversando sobre assuntos em comum, enquanto a última luz do dia entrava em nossas peles e nos aquecia delicadamente.

— Ele já voltou né? — perguntou baixinho.

— Sim, hoje de manhã. — Lúcia passou os últimos dias me perguntando quando ele voltaria.

— Será que vou vê-lo ainda hoje?

— Não sei, provavelmente não. Ele e os meninos devem estar muito cansados.

— Mas é só um oizinho...

— Lúcia, ele precisa descansar, todos eles. Prometa que não vai o atormentar!

— Eu não vou, eu juro! Mas vou torcer pra ele ir jantar com a gente... — Me lançou um sorriso fofo.

— Se eu tivesse ido ninguém sentiria tanto minha falta... — fingi tristeza.

De fato, o pensamento havia passado pela minha mente, todos pareciam muito encantados pelo nobre e sua falta era realmente sentida, por Felipe, Lúcia, Alice e qualquer outra pessoa que tivesse o mínimo de contato com ele.

— Que mentira! Eu sentiria! — Lúcia pareceu ofendida.

— Eu sei, meu bem, eu sei. — Ri de sua reação e a trouxe para mais perto — Também sentiria sua falta... Você realmente gosta dele, não é?

— Sim, ele é bonzinho. — Envolveu-me com seus braços e apoiou a cabeça em meu corpo.

Era adorável o fato de Lúcia chamar as pessoas de boazinhas sendo que ela era a pequenina.

— Ele é bonzinho... — repeti sem motivo enquanto passava as mãos pelos seus fios dourados.

— Você ainda não gosta dele? — ergueu a cabeça me olhando.

Encarei-a sem saber o que responder.

— Acho que isso é um "sim".

— E posso saber como a senhorita sabe disso? — Não me recordava de ter dito algo tão específico.

— É simples, Tatiana – voltou a me abraçar. – você já ficou brava com ele várias vezes e na frente de todo mundo. Além do mais, ele me disse.

— Ele te disse isso mesmo?

— "Acho que ela ainda não gosta de mim", mas já faz um tempinho. — Espantei-me ao saber que William tinha tal liberdade com Lúcia.

— E o que você respondeu?

— Eu disse que você ia gostar dele um dia, ué. — Ri diante da constatação que parecia ser óbvia a seus olhos. — Você ainda vai gostar dele, Tatiana, eu sei.

— Sabe é? — Provoquei-a.

— Sei. – A menina voltou a me encarar e sorriu de forma meiga. — Você vai ver que Will não é como você pensa, ele vai te mostrar.

— Não sei quando, eu ando muito ocupada.

— Fique você sabendo que eu também sou uma Princesa muito ocupada! — Fingiu estar zangada.