20.

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— O que você acha, Tatiana?

Lúcia e Lia me olhavam esperando pela resposta, infelizmente não havia prestado atenção sobre o que dissera, eu estava diante de sua janela analisando o clima que estava um tanto quanto diferente dos demais dias.

— Perdão, o que acho sobre o quê?

— Fazer um piquenique com as meninas à tarde.

— Seria ótimo, talvez daqui alguns dias.

— Por quê? — Lia já não me olhava mais, ela não precisa de resposta, já sabia o porquê. Luci parecia estar preocupada, como se algo importantíssimo pudesse estragar seus planos por dias.

— Porque vai chover... — Passei a cabeça pela abertura da janela ainda mais. — E logo.

— Ah... E vai demorar muito?

— Aparentemente sim... Você sabe: aqueles dias chatos.

Quando Luci ainda era bem pequenina e eu um tanto mais nova, adorávamos tomar banho de chuva, principalmente quando os últimos dias haviam sido quentes como hoje, no entanto, a euforia só durava no primeiro dia, quando os temporais se prolongavam, algumas vezes, por semanas, nós implorávamos por pelo menos um dia inteiro de sol.

— Poxa vida...

— Se aceita uma sugestão... — Me apoiei em um dos joelhos para ficarmos com olhos na mesma altura. — Aproveite para dar uma volta por aí, logo após o almoço. As nuvens vão tampar um pouco do sol, mas pelo menos ele estará lá.

— Você acha que as meninas vão gostar? — Ela parecia mesmo querer tratar bem as visitas. Eu apenas dei de ombros, não sabia a resposta. — É! Boa ideia, Tatiana! — Recebi um abraço apertado e logo nós três descemos para o grande salão. Assim que me sentei, Lia se dirigiu para cozinha.

Já estava me acostumando a tomar café na presença de todos eles, basicamente se tornou algo comum, ninguém prestava atenção em ninguém, ninguém me olhava torto ou algo do tipo.

Hugo mantinha o clima animado, mas sem exageros, eu sabia o quanto ele mesmo detestava conversas logo no início do dia. Percebia facilmente o esforço que fazia para encontrar as palavras certas para não ofender os visitantes mais falantes.

No entanto, até os mais comunicativos pareciam estar concentrados, era hora do café da manhã e todos tomariam o café da manhã, simples assim. Não tão simples assim. Ao fazer uma rápida inspeção, percebi que havia um lugar vazio na mesa, lugar este, próximo à Pedro e ao lado de Catarina.

— O que foi? — Lúcia me olhava com expressão de preocupação.

— Como assim? — Não entendi sua indagação e preocupação nada velada.

— Você ficou irritada. Bufou alto... — Luci não gostava de me ver bufando era sinal ruim. Pelo menos, era isso que me dizia quando mais nova.

— Ah... Não é nada, não se preocupe. — Não tinha me dado conta de que havia sido tão transparente e demonstrativa.

— Por favor, me conte. — A loirinha me olhava calmamente e soube que realmente estava preocupada.

— William.

— O que tem ele? — Percebi que seus olhos começaram a vasculhar a mesa. — O que ele fez? — Sua pergunta não fazia sentido até que percebi que eu tinha o hábito de culpá-lo.

— Nada. William não veio tomar café.

— Você também não vem sempre... Talvez ele esteja dormindo. — Era uma boa hipótese, se eu não soubesse que ele sempre era visto de pé logo cedo, Túlio havia me contado.

Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora