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Tatiana se questionava frequentemente sobre sua atitude. Não sabia se havia feito a coisa certa, em todo caso, já estava feito: havia dado à William, a responsabilidade de treinar os garotos. Mesmo que não o conhecesse, e a princípio tenha até desgostado dele, na hora, pareceu o certo a se fazer. 

A princesa tinha a ajuda de Túlio, ele a informava sobre coisas que não estavam ao alcance dela enxergar, ele havia dito sobre as rápidas conversas entre Magnus e Hugo, e isso já era motivo suficiente para ela não o querer perto dos jovens. Paulo parecia ser um bom homem, mas não tinha o perfil de mestre que ela queria como exemplo para seus meninos.

Após a conversa com Edgar, a jovem percebeu que, o que corria mais risco se caísse em mãos erradas, era a ala de treinamento dos meninos, isso porque, apenas uma pessoa a supervisionava e era ela mesma, já a companhia e o pelotão tinham vários administradores, próprio Edgar era um deles, nada de mal poderia acontecer nesse contexto.

Além disso, a conversa com Felipe, a fez enxergar as coisas por outra perspectiva. Tatiana sabia reconhecer talentos e habilidades alheias e Will mostrou ser um exímio espadachim, além de um homem com atitude e convicção. 

Horas antes, o príncipe havia a encontrado na torre, e pareceu entender o quão importante era sua missão, sabia que se desse um passo em falso, Tatiana estaria ciente e tomaria providências.

Enquanto todos menosprezavam sua nova responsabilidade, o jovem se sentia extremamente motivado. Ele nunca havia ensinado o que sabia aos mais jovens, sempre fora treinado, nunca treinador. Algo o dizia que a princesa esperava mais do que um treinamento comum, era quase como ensinar primeiramente a ser um bom homem e posteriormente um bom guerreiro.

Tal suposição o deixava nervoso, assim como a princesa, o príncipe passou a noite se questionando sobre si. Se era uma boa pessoa ou até um bom exemplo a ser seguido. Refletiu sobre seus próprios defeitos e como poderia ensinar o próximo a melhorar.

Tatiana não sabia, e William ainda não tinha se dado conta, mas essa nova conjuntura, daria ao príncipe, a maravilhosa experiência de se conhecer e se redescobrir.

Após uma madrugada tranquila e um início de manhã agradável, o belo príncipe tomou um rápido café da manhã e logo se dirigiu ao grande cômodo em que passaria maior parte do seu tempo com os jovens.

Quando entrou no aposento, se surpreendeu com a variedade de indivíduos que iria treinar: haviam meninos bem pequenos que aparentavam ter entre seis à oito anos; garotos um tanto maiores com até quinze anos e uns poucos que tinham pouco menos de vinte.

Sua presença havia sido notada por eles, no entanto, não pareciam tão animados para interagir com o príncipe, os garotos se divertiam entre si, os mais novos corriam sem rumo como se brincassem de pega pega, os mais velhos trocavam provocações sem maldade e alguns mantinham-se parados como se estivessem bem sonolentos, afinal, ainda era bem cedo.

O cômodo era bem espaçoso, muitas atividades poderiam ser realizadas nele. Cordas estavam presas no alto teto e pendiam soltas até quase tocar o chão; diversos objetos como estilingues, espadas e escudos, estavam amontoados de forma organizada em um canto da sala; Havia uma mesa com alguns mapas enrolados e papéis ainda não utilizados. Curiosamente alguns cavalinhos de madeira em miniatura faziam parte do contexto.

No geral, havia mais vazio e a curiosidade de William só aumentava ao pensar nas atividades que Tatiana desenvolvia com os garotos.

— Bom dia. — Ao ouvir a voz da princesa, todos os meninos olharam-na e responderam educadamente. A princesa lançou um rápido olhar para o príncipe que se mantinha imóvel próximo a uma das paredes, quase como se estivesse escondido.

Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora