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Infelizmente seguir os conselhos de Felipe e Lia foi impossível. Eu simplesmente não conseguia desligar o meu cérebro. Eu sabia que meu corpo necessitava de descanso, mas ele não parecia estar disposto a adormecer. 

Acreditava que todos já tinham passado por essa situação, nem que fosse apenas na infância, e confesso que há muito eu nem lembrava que ela existia. 

É como se num instante você fosse consumido por um cansaço avassalador que o faz lutar bravamente apenas para manter os olhos abertos. Deitar no chão não lhe parece uma ideia absurda, no entanto, se mantém imóvel, pois não é capaz de acionar nenhum músculo sequer, mas como não é aceitável dormir jogado por aí, você se vê obrigado a tomar uma atitude.

Aos poucos retoma o controle do próprio corpo, tímidos movimentos aqui e ali, uma coçada rápida nos olhos, uma espreguiçada e pronto, já é capaz de ir a seu quarto, trocar de roupas, escovar os dentes e finalmente se deitar em sua cama macia e ter os mais doces sonhos.

Mas não é tão simples quanto parece, durante o processo você sente que suas pernas e braços são como rochas, como se pesassem toneladas, pequenas ações como trocar de roupas, escovar dentes e puxar as roupas de cama, parecem demorar longos séculos, e quando você finalmente deita a cabeça no travesseiro, o sono se vai.

Neste instante, enquanto olhava para o teto de meu quarto, eu só conseguia pensar na manhã seguinte, e no quão importante ela seria. Eu gostaria de me manter positiva, assim como Felipe, mas era algo extremamente difícil.

Tinha total confiança nos ensinamentos que Edgar havia passado a mim, mas não poderia ignorar o fato de que não conhecíamos nossos adversários, muito menos suas habilidades e obviamente não poderia contar com a sorte de serem ruins.

Primeiro porque não fui treinada para depender de sorte, e também porque, com toda certeza, eles não seriam oponentes fracos. Hugo já devia saber disso, porque se soubesse que eu poderia facilmente vencê-los, certamente não iria implementar mudanças no pódio do evento.

De qualquer forma, eu e Felipe daríamos nosso melhor como sempre. Esse infortúnio serviu para nos incentivar a sermos ainda melhores e surpreender nossos adversários.

Eu esperava que meu companheiro estivesse conseguindo descansar neste momento, eu queria muito ganhar, mas em todo caso, era melhor ter Felipe como grande vencedor, do que um estranho.

Os pensamentos começaram a rondar em minha mente e pude perceber que já não conseguia manter os olhos abertos, mais uns poucos instantes e finalmente fui completamente consumida pelo cansaço. Adormeci.

A madruga passou rápido, mas não consegui pegar no sono novamente após dar uma leve acordada. Já conseguia ver as silhuetas dos móveis que me rondavam. A escuridão da noite já estava pronta para dizer adeus. Aos poucos, já era possível ouvir o canto dos pássaros.

Em poucas horas a claridade invadiria meu quarto. Como de costume, eu levantava, me arrumava e ia até o quarto de minha irmã. Mas hoje não seria assim.

Continuar deitada esperando a hora de levantar era como ficar presa numa maldição: não conseguia voltar a dormir, mas também não era capaz de me levantar, assim, meu corpo ficava numa espécie de transe, apesar de estar deitada, não conseguia descansar, ou seja, só estaria desperdiçando meu tempo.

Por esta razão, não esperei que os raios de sol apontassem no horizonte para que tomasse uma atitude. Sem pensar duas vezes sentei-me de forma a colocar as pernas para fora da cama, fazendo com que meus pés tocassem levemente o grande tapete que ocupava boa parte do chão de meu quarto. Fiz algo semelhante a uma espreguiçada com misto de alongamento e me levantei.

Amor FatiOnde histórias criam vida. Descubra agora